“Você sabe com quem está falando?”, de Roberto DaMatta,

Um estudo sobre o autoritarismo brasileiro e o uso de posição social para intimidar ou humilhar é o mote de “Você sabe com quem está falando?”, de Roberto DaMatta, cuja nova edição chega às livrarias em dezembro, pela Editora Rocco. Afinal, em 2020, não faltaram notícias sobre casos de racismo, machismo, ignorância, arrogância e injustiça cometidos por autoridades que usam de sua posição hierárquica para se colocarem como superiores aos demais e, portanto, dispensados de obedecer às leis e às normas da boa convivência social. Composto por três ensaios, aborda aspectos complementares do autoritarismo no Brasil, que tem se exacerbado nos últimos tempos. 

Ao examinar o fenômeno cada vez mais atual do “Você sabe com quem está falando?”, DaMatta nos confronta com um incômodo espelho. De acordo com ele, é como se a República tivesse sido incapaz de eliminar da nossa sociedade comportamentos injustos, assim como equívocos e desacertos nascidos nos tempos coloniais e imperiais. Assim como em outras publicações do autor, o livro lança luz em alguns dos aspectos negativos da identidade nacional, como a malandragem e o jeitinho brasileiro, convidando o leitor a repensar o país, que perpetua erros do passado, reforçando as injustiças sociais. Este é um livro indispensável para todos aqueles que pretendem contribuir para que o Brasil venha a ser efetivamente um país igualitário e que ninguém mais precise afirmar sua superioridade com escândalos e carteiradas.
 
Sobre o autor 
Figurando entre os mais argutos intérpretes do Brasil, mesmo título que Gilberto Freyre, Caio Graco Prado, Sérgio Buarque de Holanda, Florestan Fernandes e Darcy Ribeiro, Roberto DaMatta emprega seu vasto instrumental científico e sua incansável curiosidade para o estudo dos principais temas nacionais. Mestre e doutor pela Harvard University, é professor titular de Antropologia Social do Departamento de Ciências Sociais da PUC-Rio, sendo autor de uma dúzia de livros e colunista dos jornais O Estado de S. Paulo e O Globo. Intelectual brasileiro mais citado em teses e estudos em Ciências Sociais, é o único pensador conhecido e respeitado pelo grande público, como foram, por exemplo, Jean-Paul Sartre, na França e Umberto Eco, na Itália. Isto se deve ao seu  salutar anseio de comunicabilidade, de rompimento do isolacionismo, em que vive boa parte da comunidade acadêmica, para compartilhar amplamente suas ideias e convicções.