Woody Allen afirma não gostar dos filmes que faz

Woody Allen afirma não gostar dos filmes que faz

Cineasta está em Los Angeles promovendo "Para Roma, Com Amor"

AFP

Woody Allen diz ficar decepcionado ao ver o resultado de alguns de seus filmes

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O cineasta americano Woody Allen, que está em Los Angeles para promover o seu mais recente filme "Para Roma, Com Amor", confidenciou que nunca ficou satisfeito e sequer apreciou qualquer filme seu, comparando-se a um chef de cozinha revoltado com a comida que prepara. Aos 76 anos, Woody Allen falou de sua filmografia com o humor e a autodepreciação que o caracterizam. "Quando você faz um filme é como um chef que trabalha em um prato. Depois de passar o dia na cozinha cortando, picando e adicionando molhos, você não quer mais comê-lo. Isto é o que sinto em relação a um filme meu", disse ele aos repórteres.

"Eu trabalho em um filme por um ano. Eu escrevo, trabalho com os atores, monto, coloco a música e depois não tenho absolutamente desejo algum de assisti-lo novamente", prosseguiu. "Nunca fiquei satisfeito e nunca gostei de nenhum dos meus filmes. Eu fiz o primeiro em 1968, "Um Assaltante Bem Trapalhão" (Take the Money and Run), e eu nunca o assisti depois", admitiu. “É por isso que eu sou eternamente grato ao público por amar alguns, apesar do meu próprio desapontamento. Para mim, (o resultado) sempre está longe de ser a obra-prima que eu tinha certeza de realizar", declarou.

Apesar de não amar a sua filmografia, o cineasta não nutre sequer pelo menos um pouco de afeição por "Annie Hall" (1977), um de seus grandes sucessos, ou "Hannah e Suas Irmãs" (1986)? "Em 'Annie Hall', a relação entre mim e Diane Keaton não era tudo o que me interessava. Era uma pequena parte de um projeto maior. E no final, eu tive que reduzir o filme a esta relação", conta. Quanto à “Hannah e Suas Irmãs”, ele revela. "Foi uma decepção porque eu tive que fazer concessões significativas em relação a minha intenção original para assegurar a sobrevivência do filme", afirma.

O cineasta também criticou "Para Roma, Com Amor", sobretudo por seu "terrível título". "Meu título original era 'Bob Decameron', mas ninguém sabia quem era o Decameron, mesmo na Itália", justifica. "Então eu mudei para 'Nero Fiddled' (primeiras palavras em inglês de uma expressão que descreve o imperador Nero tocando lira enquanto Roma ardia), mas metade dos países do mundo dizia: 'Não compreendemos o que isso quer dizer, nós não conhecemos esta expressão'. Então optei por um título genérico como "Para Roma, Com Amor' para que todo mundo entendesse", admite, um pouco abatido.

"Para Roma, Com Amor" é a primeira viagem de Woody Allen na Cidade Eterna. O filme segue histórias paralelas - e muitas vezes sentimentais - de vários casais, italianos e americanos, e conta com a presença de Penélope Cruz, Jesse Eisenberg, Ellen Page e Roberto Benigni no elenco. O diretor, que não aparecia em um de seus filmes desde "Scoop" de 2006, também retorna à tela no papel do pai de uma jovem americana prestes a se casar com um italiano. "Quando eu escrevo um script, se há um papel para mim, eu aceito. Mas à medida que eu fico mais velho, os papéis estão se tornando mais raros", disse.

"Quando eu era jovem, podia ter o papel principal e fazer cenas românticas com mulheres, era engraçado e eu gostava. Mas agora que estou mais velho, estou reduzido à papéis de porteiro ou de velho tio, o que não é realmente a minha praia", revelou.

"Para Roma, Com Amor" estreia na próxima sexta-feira nos cinemas brasileiros depois de ter sido exibido na Itália em abril.

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