Como planejar a primeira viagem sozinha

Como planejar a primeira viagem sozinha

Bella Mais traz orientações para escolher destino e hospedagem e como planejar o roteiro

Camila Souza

Aprender sobre planejamento de viagem traz segurança e sensação de controle

publicidade

Organizar a primeira viagem sozinha é visto como um grande desafio para muitas mulheres. O medo de algo dar errado ou até mesmo a falta de experiência no planejamento pode trazer dificuldades na hora de dar o primeiro passo. Além do transporte, hospedagem e questões burocráticas de documentação, a segurança é uma das maiores preocupações.

Mas nada disso precisa ser motivo de estresse e dor de cabeça. Muitas páginas nas redes sociais contam com relatos e dicas de mulheres que têm o hábito de viajar sozinhas. Isso não só inspira muitas outras a tirarem o sonho do papel como também traz mais tranquilidade para o planejamento. Uma dessas pessoas que compartilha suas experiências é Flavia Goulart, que reúne mais de 65 mil seguidores na página @toindoviajarsozinha, no Instagram.

Ela faz viagens solo desde 2008 e lembra que um dos maiores desafios enfrentados no começo da jornada foi falta de conhecimento. Por isso, defende que as mulheres reúnam o máximo de informações que puderem sobre o destino, o que garante mais segurança.

Antes, Flavia tinha outro perfil na plataforma para falar sobre viagens de forma geral, sem focar no público feminino. “Tô indo viajar sozinha” foi criada apenas para divulgar seu e-book, de mesmo nome, contando suas experiências em um “mochilão” pelo Sudeste Asiático. Mas o retorno foi tão positivo que ela decidiu se dedicar apenas a esta página, abordando também diversos assuntos que envolvem o público feminino.

“Quando você fala de viagem solo, acaba tocando em outros assuntos do universo feminino, liberdade, autoconhecimento, relacionamento. Eu me surpreendo de ver mensagens de como você modifica a vida de outras mulheres muito além da questão da viagem”, conta. Assim, Flavia orienta sua comunidade para além da parte prática de organização, abordando, principalmente, dilemas emocionais, o que influencia até mesmo na escolha do destino.

Como dar o primeiro passo?

- Pratique o autoconhecimento;
- Traga o medo para a realidade e não fantasie os cenários;
- Desenvolva o hábito de fazer passeios sozinha;

Na hora de começar a organizar a viagem, é normal se sentir perdida e não saber por onde começar. Mas antes de pensar em destinos, transporte e hospedagem, Flavia ressalta a importância do autoconhecimento e de estar bem emocionalmente. “Até a escolha do destino te limita se você está com seu emocional travado para essa primeira experiência”, diz.

Para ela, não existe um local ideal para começar, já que isso vai depender de quais lugares a pessoa tem vontade de conhecer e onde vai se sentir mais segura. “Busque autoconhecimento para entender que um destino que é mais o seu estilo vai trazer uma experiência mais legal.”

Depois, é essencial pensar nos medos e inseguranças de uma forma mais racional para entender se eles realmente fazem sentido. “Muitas mulheres fantasiam esses medos, imaginam vários cenários que às vezes nem vão acontecer. Então, tenta trazer para o real para ficar mais tranquila”, orienta.

Outro ponto importante é desenvolver o hábito de fazer programações sozinha antes da viagem. Sair para jantar, ir ao cinema ou até mesmo fazer um bate-volta em uma cidade vizinha são opções. “Assim, você vai se habituando com a própria companhia e vai ganhando confiança aos pouquinhos para, depois, voar mais alto. Às vezes, a gente acha que não vai ser capaz de enfrentar os desafios de uma viagem solo, mas se você vai no restaurante sozinha, já venceu algumas crenças, já teve que tomar decisões”, explica.

Escolhendo o destino

- Escolha um destino que esteja conectado com o que você gosta;
- Se estiver muito insegura, escolha um lugar onde já tenha ido com outra pessoa;
- Opte por um local próximo da sua cultura e/ou da sua cidade;
- Fique atento ao clima do local.

O que também ajuda a trazer segurança e sensação de controle é aprender sobre planejamento de viagem, conhecer e ter familiaridade com o destino escolhido. Por isso, para quem ainda sente muito medo, a dica é optar por um local que já tenha ido acompanhada. Outra opção é escolher um lugar próximo da sua cultura ou ao lado da sua cidade. São boas alternativas porque, caso a pessoa se sinta muito insegura, ela está perto para voltar.

Flavia ainda enfatiza que o primeiro local deve estar conectado com o que a pessoa gosta. “Às vezes, uma pessoa te indica um destino que tem mais a ver com ela, mas para a primeira experiência, é importante que esse destino seja bem conectado com você, porque apesar dos desafios, dos desconfortos, você vai gostar e vai ganhar aquela força emocional para as próximas viagens”, ressalta.

Definido o local, a especialista alerta para a questão climática: “Veja a melhor época do ano para ir, porque às vezes você passa um perrengue danado porque escolheu uma época péssima para o destino.”

Escolhendo a hospedagem

- Considere um hostel como opção para economizar e conhecer pessoas novas;
- Se desafie a experimentar;
- Escolha hospedagens bem localizadas, em bairros seguros e perto de comércios;
- Pesquise relatos de mulheres que já se hospedaram no mesmo local.

A escolha da hospedagem também envolve diversas questões. Para economizar e socializar, o hostel pode ser uma boa opção. “Você pode usar como desafio experimentar também, mesmo que você não goste muito de estar com outras pessoas, dormindo num quarto compartilhado”, diz Flavia.

Ela comenta que gosta de indicar esse tipo de acomodação porque incentiva o compartilhamento dos espaços e a própria interação com outros hóspedes. “Se você não está acostumada com a solidão, é melhor buscar um hostel, que também tem quarto privado. Você pode dormir no seu quarto, ter esse momento de privacidade e usar as áreas comuns para socializar.”

O autoconhecimento também é importante até para escolher a melhor acomodação. Mas isso é adquirido com a experiência nas viagens, o que Flavia define como “autoconhecimento viajante”: “Você vai entendendo o que gosta, o que não gosta, e vai aprendendo na jornada mesmo. Eu vejo que as pessoas se limitam muito na viagem, porque têm muitos medos, mas é importante que a gente teste.”

Depois de definir o tipo de hospedagem, é essencial pesquisar relatos de mulheres que já passaram pelo local. Além disso, priorize lugares bem localizados, em bairros seguros e perto de comércios. “Sempre busque a segurança na localização, mesmo que seja um pouquinho mais caro, para não se colocar em risco”, recomenda.

Planejando o roteiro

- Dedique um tempo para pesquisar;
- Foque em montar uma programação com a “sua cara”;
- Busque por posts em inglês, se o destino for internacional.

O momento de montar o roteiro exige pesquisa e paciência. Por isso, separe um tempo só para isso e relaxe. Saber planejar uma viagem sozinha permite que a programação seja montada conforme os gostos de cada pessoa. Existem muitos roteiros turísticos disponíveis na internet para os mais variados destinos, o que ajuda quem se sente perdido, mas Flavia destaca organizar uma viagem que seja “a sua cara” muda completamente a experiência.

Por isso, ela recomenda uma intensa pesquisa, que ajuda na questão da segurança e também na escolha de atrações para visitar. “Você vai descobrir várias coisas sobre aquele destino, até outras atrações fora do clássico, porque o clássico pode não ser interessante para você. Coloque atrações que sejam mais a sua cara, mesmo que não sejam tão turísticas”, orienta.

Caso tenha escolhido um destino internacional, invista na busca por posts em inglês. “Quando brasileiro pesquisam coisas para fazer em Paris, geralmente vão nos mesmos lugares, porque as pessoas replicam os roteiros. Mas se você lê sobre um americano indo para Paris, provavelmente ele descobriu outras coisas, porque são divulgadas outras atrações lá”, explica Flavia. “A gente tem muita informação hoje, então invista seu tempinho nisso e use essas ferramentas.”

Siga também mulheres que viajam sozinhas, conheça suas histórias e se inspire nelas. A primeira viagem exige uma dose de coragem. Com uma boa pesquisa e um bom planejamento, é possível deixar o medo em segundo plano e curtir essa experiência única.


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895