Conversas sobre sustentabilidade e novas formas de consumo marcam o RS Moda em Porto Alegre

Conversas sobre sustentabilidade e novas formas de consumo marcam o RS Moda em Porto Alegre

Programação apresentou workshops, desfiles e palestras com Dudu Bertholini e Glória Kalil

Camila Souza

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Sustentabilidade, consumo consciente e novas tendências foram o centro dos debates no RS Moda, que reuniu lojistas, estudantes e profissionais do universo fashion na última terça e na quarta-feira em Porto Alegre. O evento apresentou uma programação intensa de workshops, desfiles e palestras no Centro de Eventos Fiergs, onde também recebeu mais de 40 marcas expositoras. Grandes nomes da área marcaram presença, entre eles Dudu Bertholini, Glória Kalil, Paulo Borges e Ronaldo Fraga. 

Na terça-feira, a consultora de moda Michelle Carvalho, do Senai Cetiqt RJ, conduziu o painel "A importância do slow fashion para uma moda mais circular e sustentável". A especialista explicou os principais conceitos que envolvem esse modo de produção, entre eles design circular, upcycling e handmade. Michelle também citou o artigo de Kate Fletcher, no portal The Ecologist, para ressaltar que o slow fashion não se limita ao consumo de roupas, mas é, também, um estilo de vida: “Slow fashion é sobre projetar, produzir, consumir e viver melhor. Não é baseado em tempo, mas em qualidade.”

Na sequência, a especialista em vitrines de joias e óticas Richelle Pulita tratou do tema “Família e empreendedorismo: como conciliar a maternidade, negócios e sucesso”. Richelle compartilhou suas experiências na área de empreendedorismo e enfatizou que conciliar família e negócios é um desafio constante, por isso, é necessário estabelecer uma visão clara e definir prioridades. “Não se trata apenas de dividir o tempo, mas sim integrar todas as áreas da sua vida buscando uma harmonia”, afirmou.

Moda com responsabilidade

O destaque do primeiro dia de evento foi o “Talk Ruah: Histórias de moda, arte e comportamento”, com a participação da jornalista Glória Kalil e do estilista Dudu Bertholini. Além de compartilhar suas experiências, os profissionais falaram sobre tendências e novas formas de consumo. Glória Kalil disse que a sustentabilidade faz parte do marketing de muitas empresas, mas nem todas estão realmente ligadas a este tema. Para ela, precisa existir uma pressão por parte dos consumidores: “É isso que vai fazer toda a diferença. Quando os consumidores começarem a exigir uma tentativa de ir na direção de uma sustentabilidade é o que vai fazer com que isso vire uma exigência.”

Nessa linha, Dudu Bertholini destacou o second hand (segunda mão, na tradição), que explora a curadoria e revenda de roupas usadas, como um mercado muito promissor. O estilista também lembra que este formato sofreu resistência durante muito tempo. “A gente percebe uma mudança de perspectiva no mercado de segunda mão também pelo crescimento de plataformas digitais que tornaram o garimpo tão fácil quanto você comprar online qualquer tipo de produto. Tenho certeza que esse mercado vai ganhar cada vez mais força”, pontuou.

Durante o talk, um dos momentos mais marcantes foi a participação da ativista e educadora política Vanda Witoto, que fundou a marca Derequine, o primeiro ateliê de moda indígena do Amazonas. A marca usa tucum e sementes de açaí para compor as peças, feitas à mão, assim como grafismos tradicionais da região. Em sua fala, Vanda ressaltou a necessidade de apresentar uma moda com responsabilidade: “As pessoas olham para a Amazônia por uma perspectiva muito ecológica, mas as vidas naquela região são extremamente negligenciadas. É importante que tudo que a gente desenvolva seja pensando nas vidas humanas não humanas, como a fauna, a flora e os animais”, afirmou. Quem também marcou presença foi Harim Feitosa, representando a Soul Hara - Moda amazônica autoral.

Quem visitou o evento também pôde conferir desfiles com as tendências da primavera 2023 e do verão 2024, com diversas marcas mostrando suas coleções que estarão nas ruas nos próximos meses. O Senai-RS também fez uma exposição e um desfile com 14 looks produzidos pelos estudantes dos cursos de vestuário em seus trabalhos de conclusão. Além disso, estudantes de moda de cinco universidades gaúchas tiveram aulas in loco. Mas muito além das tendências e das novidades nas passarelas, o evento mostou como que a preocupação com o meio ambiente deve causar cada vez mais mudanças no universo fashion. 


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