Lente de contato dental: como funciona e quais são os riscos do procedimento

Lente de contato dental: como funciona e quais são os riscos do procedimento

Especialista destaca que o procedimento é permanente e requer cuidados

Correio do Povo

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Diversos artistas e influenciadores digitais vêm apresentando uma dentição cada vez mais alinhada, grande e branca. Geralmente, essa mudança na forma e tonalidade dos dentes está associada ao uso da chamada lente de contato dental. Trata-se de uma prótese finíssima que é colada sobre o dente original. “A principal função é alterar formato, volume e cor, portanto é um tratamento voltado à estética”, explica a especialista em prótese dentária Caroline Angonese, professora de Odontologia da UniRitter.

Apesar do nome remeter às lentes de contato oculares, que podem subitamente alterar a cor dos olhos, as lentes dentais não promovem mudanças automáticas no sorriso. “Não se trata de uma medida imediatista ou cosmética, mas de um procedimento que requer preparos nos dentes originais”, adverte a dentista, apontando que isso torna o tratamento irreversível. Por isso, não deve ser feito sem os esclarecimentos prestados por um profissional confiável, com planejamento de etapas e, se necessário, tratamentos prévios.

Para aplicar as lâminas de 0,2 a 0,5mm de espessura, será preciso fazer um desgaste no dente original, o que altera de maneira permanente seu formato. “O paciente precisa ser informado da irreversibilidade do procedimento, pois ele ficará dependente da manutenção das lentes feita pelo dentista. A instalação só deve ser feita sobre dentição permanente e com a saúde bucal em dia, ou seja, sem cáries ou restaurações danificadas, pois as lentes ficarão sobre os dentes por tempo indeterminado”, explica Caroline.

Ela também ressalta que é necessário um alinhamento mínimo da dentição, pois se for muito apinhada, será necessário um desgaste grande, o que não é recomendado. “Nesses casos, o ideal é passar pelo aparelho ortodôntico e/ou outros tratamentos que forem necessários”, aponta.

Após a aplicação, também serão necessários os cuidados de rotina: higiene diária e visita ao dentista a cada seis meses. Assim, é possível manter, inclusive, o aspecto uniforme das lentes. Especialmente a lâmina feita de cerâmica é menos permeável que o dente, portanto, tende a desenvolver menos manchas quando feita a manutenção adequada. Ainda assim, o consumo de bebidas ácidas e mesmo o estresse podem causar outras alterações na boca. É o caso da recessão da gengiva, quando ela se retrai e deixa a base dos dentes à mostra. Quando se usa a lente, a transição entre o dente e a lâmina ficará exposta e visível.

Com os devidos esclarecimentos, o paciente está apto a decidir se quer seguir com o procedimento. Segundo Caroline, a técnica é muito procurada por quem já apresenta um desgaste natural dos dentes, com alteração do formato, e pessoas com dentes muito amarelados, além de quem busca levantar a autoestima com um sorriso perfeito, principalmente mulheres a partir dos 40 anos. E nem todo mundo que sai do consultório com lente de contato dental precisa ter dentes grandes e super brancos. A maioria dos pacientes busca um resultado natural.

“Existe uma moda, que a gente observa em influenciadoras e jogadores, mas o mais recomendado é buscar uma aparência natural, que promova o alinhamento da dentição e clareie de dois a três tons”, ressalta a professora, lembrando mais uma vez que a prótese é duradoura e, por isso, optar por seguir uma tendência pode gerar arrependimentos.

Uma alternativa para quem tem dúvidas é testar a nova dentição antes de aplicar a lente em definitivo. O dentista faz um estudo do paciente e gera o mock up, um modelo provisório em resina de como ficará o resultado. Assim, ele pode experimentar o novo desenho do sorriso para avaliar se vai se adaptar. 

A expectativa é que a lente de contato dental não seja trocada antes de 15 ou 20 anos, mas esse prazo pode cair se a pessoa tiver algum tipo de hábito parafuncional, como o bruxismo, por exemplo. “A placa de bruxismo para esses pacientes segue sendo fundamental. Nosso dente é uma dos materiais mais resistentes que existem. Se o paciente sofreu desgaste no dente, sofrerá na prótese também”, adverte a especialista.

Além disso, há dois tipos de materiais para as próteses. “A resina composta, em geral, tem um custo menor. Ela pode ser moldada à mão pelo dentista e acaba tendo uma espessura maior. Já os laminados cerâmicos, que são produzidos em laboratório, a partir do molde feito pelo dentista ou scanner, garantem um resultado mais fino, previsível e durável”, detalha Caroline.

O objetivo da técnica é promover autoestima aos pacientes. E este ainda é um procedimento considerado oneroso para a maior parcela da população. Portanto, a melhor maneira de sorrir tranquilo é conhecer todas as implicações do procedimento e tomar a decisão com informação e segurança.


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