Meditação e yoga ajudam a reduzir depressão e ansiedade em pacientes oncológicos

Meditação e yoga ajudam a reduzir depressão e ansiedade em pacientes oncológicos

Médico explica que terapias integrativas e atendimento multidisciplinar têm impacto positivo no tratamento e prognóstico da doença

Correio do Povo

Terapias integrativas, como meditação e yoga, vêm sendo indicadas para tratar os transtornos psiquiátricos

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O câncer é uma doença cercada de estigma que afeta a saúde mental dos pacientes. Após o choque de receber o diagnóstico, a pessoa começa a sentir ansiedade e angústia por causa da incerteza do que está por vir. Passada a fase inicial, entre 22 e 29% deles são tomados pela depressão, cujo grau varia de acordo com o local do tumor, do estágio da doença, da dor e das limitações físicas, além da existência de suporte social.

Terapias integrativas vêm sendo indicadas como alternativas não farmacológicas para tratar os transtornos psiquiátricos. Entre elas estão a meditação, yoga, técnicas de respiração, musicoterapia e o relaxamento.

A Sociedade Americana de Oncologia Clínica e Sociedade de Oncologia Integrativa criaram diretrizes para a aplicação dessas terapias com base em mais de 100 estudos. “As terapias melhoram não só a saúde mental do paciente como também o resultado do tratamento e o prognóstico da doença”, afirma o oncologista Alexandre Palladino, da Oncologia D’Or.

Pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, revelaram que 66,5% dos sobreviventes do câncer daquele país já usaram essas terapias juntamente com o tratamento convencional. Na Austrália, um estudo de revisão apontou que a prática do yoga teve efeitos significativos em pacientes oncológicos, aliviando a depressão e a ansiedade. Já a meditação melhorou o bem-estar emocional e reduziu estresse, angústia, depressão e ansiedade de pacientes com câncer.

Acolhimento e apoio social

Para o oncologista Alexandre Palladino, o diagnóstico do câncer provoca grande impacto no indivíduo porque deixa claro a finitude da vida, que é negada como um mecanismo de defesa. Por isso, o médico precisa acolher o paciente e mostrar que o tratamento não se restringe à cirurgia, quimioterapia e radioterapia, mas é um processo mais amplo, que envolve uma equipe multidisciplinar formada por psicólogos, nutricionistas e outras especialidades.

“Mesmo nos casos da doença avançada, quando não há mais possibilidade de se usar muitos recursos, o médico precisa dar suporte emocional para que o paciente saiba que está sendo acompanhado neste momento difícil”, explica. Esse comportamento vai ao encontro da tendência atual da medicina que é tratar o paciente de uma forma mais ampla, abrangendo os aspectos psicossociais desde o diagnóstico até o tratamento.

Por isso a importância do apoio social ao paciente. Um estudo da Universidade de Málaga, na Espanha, com 200 pessoas com câncer, apontou que o acolhimento da família reduz o estresse percebido pelo paciente. A satisfação com o apoio emocional do parceiro, de amigos e familiares também aumenta a sua qualidade de vida.

Os grupos de apoio, formados por pacientes, também são fundamentais para manter a saúde mental desses indivíduos. Situações que alteram a imagem podem desencadear a depressão, como a queda de cabelo causada pela quimioterapia ou a disfunção erétil provocada pelo tratamento hormonal no câncer de próstata.

“Nos grupos de apoio, o paciente vai conviver com pessoas que passam pelos mesmos problemas e trocar experiências que poderão ser muito úteis na sua jornada contra o câncer”, conclui o profissional.


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