Planejamento financeiro e novas realidades para as mulheres 50+

Planejamento financeiro e novas realidades para as mulheres 50+

Replanejando o futuro: como a autonomia financeira redefine a vida das mulheres 50+

Lisiane Mossmann

Muitas das escolhas feitas pelas mulheres estão diretamente ligadas à autonomia financeira

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Mulheres com mais de 50 anos estão enfrentando uma série de mudanças significativas. Além das transformações pessoais e profissionais, muitas também estão aprendendo a lidar com questões financeiras, resultado de décadas que o homem exercia o papel de provedor financeiro.

A psicóloga Gilla Bastos explica que muitas das escolhas feitas pelas mulheres estão diretamente ligadas à autonomia financeira. A economista Paula Sauer acrescenta que a herança cultural e familiar desempenha um papel crucial nesse processo. Mulheres que cresceram em ambientes onde a educação financeira era valorizada e tinha uma mentalidade de investimento podem estar mais inclinadas a lidar melhor com suas finanças.

Paula explica que a carreira e o planejamento financeiro são aspectos relativamente recentes para as mulheres. A mulher começou a ingressar de forma significativa no mercado de trabalho a partir da década de 1960, com o advento da pílula anticoncepcional e outras mudanças sociais. Isso acarretou desvantagem em relação ao homem, que já tinha uma estrutura e um planejamento estabelecidos. “A mulher entra no mercado de trabalho muitas vezes se sentindo culpada por deixar os filhos e enfrentar a dupla ou até tripla jornada. Ela é vista como aquela que apoia e ajuda na carreira, enquanto o homem não tem essa mesma pressão da família para conciliar todas essas responsabilidades”, reforça.

Paula cita como exemplo de disparidade de gênero o fato de apenas três mulheres terem recebido o Prêmio Nobel de Economia, desde a criação do prêmio em 1968. “Isso demonstra que, apesar dos avanços, ainda há um longo caminho a percorrer para alcançar a igualdade de gênero, principalmente no que diz respeito à remuneração e ao reconhecimento profissional.”

Manter viva a chama dos sonhos

Gilla Bastos enfatiza que é crucial manter viva a chama dos sonhos. A existência das mulheres vai além das responsabilidades da casa e dos filhos. Esses aspectos são importantes, mas não são os únicos que definem uma mulher.

“A maternidade e o maternalismo são escolhas que as mulheres fazem. Mesmo diante de muitas conquistas, é importante manter-se vigilante.” alerta Gilla. O progresso humano é um movimento de avanço e retrocesso, algo que sempre existirá na cultura. “Olhando para o presente, podemos perceber isso nas guerras e nas pandemias que enfrentamos. Esses desafios também se refletem na vida financeira das mulheres 50+.”.

Sueli menciona que nota uma pequena mudança vinda, principalmente, de artistas e influenciadoras digitais, como Angélica e Cláudia Raia, que chegaram a essa idade e que trazem à tona questões sobre essa geração. “Elas têm apelo popular e começaram a falar mais abertamente sobre questões como a menopausa quando chegaram aos seus 50 anos”.

Sueli menciona que essas celebridades estão começando um discurso mais educativo. Faz parte de um processo de interesse próprio para que possam continuar exercendo suas atividades. No entanto, também acredita que isso pode ajudar outras mulheres a verem que é possível envelhecer.

Ao ser questionada sobre políticas públicas e ações específicas no setor privado, ela diz que, apesar de suas buscas, não conhece nenhuma no Brasil que tenha sido efetiva. Descreve que a luta é silenciosa, esquecida e adormecida, e que ela precisa vir a partir da educação.


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