Reconhecida em prêmios internacionais, pesquisadora gaúcha ensina o amor pela ciência

Reconhecida em prêmios internacionais, pesquisadora gaúcha ensina o amor pela ciência

Professora da Ufrgs Angela Wyse acumula uma série de contribuições à ciência da saúde

Brenda Fernández

Em 2023, Angela Wyse foi escolhida uma das cientistas do ano pela International Achievements Research Center

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“A vida me deu muito mais do que eu pedi: queria ser professora e acabei sendo também cientista.” A paixão pela bioquímica levou Angela Wyse à pesquisa, onde há 26 anos acumula uma série de contribuições à ciência da saúde, parte delas reconhecidas em prêmios nacionais e internacionais.

Em 2023, a professora da Ufrgs foi escolhida uma das cientistas do ano pela International Achievements Research Center (IARC). O reconhecimento veio pelo seu estudo sobre os danos no cérebro e no coração causados pela homocisteína, uma substância produzida no corpo durante o processamento de alimentos de origem animal. O estudo conseguiu mostrar que uma dieta desequilibrada contribui no aparecimento de doenças, como Alzheimer.

É na sala de aula, através da curiosidade e da troca com os alunos, que Angela alimenta esse entusiasmo pela ciência. “Ser pesquisador e professor faz com que a gente esteja sempre se questionando e crescendo”, conta ela, comparando o ofício da profissão à resolução de uma hipótese, que exige constante estudo. "O mais importante do trabalho é o resultado dele: entender uma doença, melhorar a qualidade de vida das pessoas e incentivar as pessoas a estudar”, destaca.

Na trajetória da vida acadêmica, Angela afirma que não encontrou muitos desafios, que sempre foi bastante focada e recebeu o acolhimento de colegas da profissão. Mas teve um ponto que chamou sua atenção. “A diferença que encontro entre homens e mulheres está no 'se posicionar'. Eu tive que me posicionar muitas vezes, ser firme”, conta a cientista sobre os momentos em que precisou defender ocupar um espaço de referência, por exemplo.

Ela atribui esse comportamento a um aspecto cultural, que enquanto os homens fazem um movimento de se agruparem, as mulheres se protegem mais.

Todo o reconhecimento que teve pela produção científica, Angela atribui ao trabalho de uma equipe. Ela define essa cooperação como uma troca humilde, em prol da ciência e não de si. “Às vezes quem vê de fora pensa num cientista que se sentou sozinho e resolveu um problema de forma genial. Mas tem um trabalho de muitos por fora”, explica.

Conquistar os espaços que almeja e os resultados que busca nas pesquisas já deu mais ânimo para Angela Wyse seguir na ciência. “Posso ter chegado no topo, mas vou seguir trabalhando. Isso me deixa com muito mais vontade”, afirma.

Esse entusiasmo, ela conta, é também para aprender e dividir mais com os alunos em sala de aula. Ela está certa de que seu compromisso enquanto professora não é só ensinar o conteúdo previsto, mas não deixar esvair o ‘brilho nos olhos’: “Eu acho que isso é a coisa mais linda que eu faço pelos meus alunos”.


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