É hora de a vida imitar a arte

É hora de a vida imitar a arte

Por Fernando Valente Pimentel*

Fernando Valente Pimentel

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Apesar de avanços relevantes nos 200 anos da Independência, que transcorrem em 2022, o Brasil precisa de um plano eficaz de desenvolvimento de médio e de longo prazo. Por isso, independentemente de termos um ano politicamente ruidoso, devido às eleições de outubro, necessitamos de propostas concretas. O país vem perdendo o bonde da história. Nossa indústria caiu do 10º para o 14º lugar no mundo. A década 2011-2020 foi praticamente perdida e a renda per capita regrediu. É preciso reagir. As eleições abrem oportunidade da apresentação e debate democrático de programas de governo. É um momento propício para um projeto de, pelo menos, vinte anos à frente, tendo como pilares a educação, saúde, segurança, ciência, tecnologia, sustentabilidade ambiental e redução das desigualdades sociais.

Para o êxito nessas metas, é decisivo o resgate da indústria. A agropecuária tem enormes méritos, mas não pode sustentar sozinha a economia. O bicentenário da Independência será apenas um marco histórico se não aproveitarmos para fazer um balanço e estabelecermos propostas concretas. É isso que se espera dos candidatos à eleição e reeleição em 2022, em especial dos postulantes à presidência da República e governos estaduais, que devem apresentar planos bem elaborados. Os chefes do Executivo e os parlamentares precisam ter visão clara do futuro e se comunicar bem com a sociedade, para levar adiante seus projetos.

Duzentos anos depois do Grito do Ipiranga, precisamos converter a Independência em desenvolvimento sustentável e sustentado, com crescimento mínimo anual de 3% a 4% ao ano, mudando nossa realidade continental, sintetizada no índice Competitividade 4.0, do Fórum Econômico Mundial. O ranking tem 142 nações e, mesmo antes da pandemia, só duas da América Latina estavam entre as 70 melhores: Chile (33º) e México (48º). As demais, incluindo o Brasil, encontravam-se entre as 72 piores.

Outro marco histórico – o centenário da Semana de Arte Moderna de 1922 – demonstra que somos capazes de realizar mudanças. Afinal, o disruptivo movimento promoveu transformações profundas na cultura, na estética e no pensamento dos brasileiros. É hora de acreditarmos no que dizia o poeta, escritor e dramaturgo irlandês Oscar Wilde: “A vida imita a arte muito mais do que a arte imita a vida”. Podemos sim!

Presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit)*


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