É hora de voltar?

É hora de voltar?

Por Daiçon Maciel da Silva*

Correio do Povo

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A escola foi um dos primeiros setores a paralisar atividades presenciais quando o novo coronavírus chegou ao país. Com alto risco de contágio devido à aglomeração e com a revelação de que crianças podem ser assintomáticas, os bancos escolares foram esvaziados ainda no mês de março.

Fizemos o certo? Acredito que sim, pois foi a direção apontada por estudiosos, pesquisadores e órgãos que zelam pela nossa saúde. Gestores e educadores se reinventaram com a implantação de um sistema híbrido, até então nunca vivido, especialmente no ensino público. As famílias e os alunos também encararam esta nova experiência e, para alguns pais, a novidade também foi estar presente na educação dos filhos, no diálogo com o professor.

Porém, esta tomada de decisão nem sempre foi pacífica e a rivalidade cresceu, depois de mais de oito meses de trabalho em casa. O retorno não era para todos, nem obrigatório, e os alunos que optassem por ficar em casa, sim, porque o sistema híbrido foi mantido, não perderiam o ano. Ainda assim, a polêmica se instalou e ainda é motivo de discussão. O fato é que a escola, em muitas situações familiares, se tornou mais segura do que outros ambientes a que as crianças estavam sendo submetidas. Pais e mães precisavam trabalhar e não tinham onde deixar seus filhos.

À época, o retorno presencial variou bastante entre as cidades gaúchas. Alguns nem retornaram, outros apenas na Educação Infantil e para famílias que declararam interesse, como foi o caso do meu município, Santo Antônio da Patrulha. Mas, em 2021, é quase unânime a decisão de voltar. As cidades adotaram sistemas de prevenção, mas a pandemia continua matando muitas pessoas. A vacina traz um alento, mas ainda não há a segurança de estar livre do vírus. Há quem considere a volta às aulas temerária, no entanto, muitos estão nas praias, nos shoppings.

Hoje, fora da cadeira de prefeito, posso dizer que, se ainda tivesse filhos pequenos, talvez não os deixasse voltar às aulas presenciais. Entendo que a segurança desse retorno se dará quando a vacina estiver ao alcance de professores e demais servidores da área. Mas o gestor deve ouvir os especialistas e pensar na coletividade, defendendo a aplicação da vacina aos profissionais da educação e ao maior número de pessoas.

*Engenheiro civil e ex-prefeito de Santo Antônio da Patrulha


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