Índice de 6% é revoltante

Índice de 6% é revoltante

Por Saulo Felipe Basso dos Santos*

Saulo Felipe Basso dos Santos

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O RS possui 7,5 mil servidores penitenciários. Desse total, 6 mil estão na ativa e atuam em uma das áreas mais sensíveis da segurança pública: as casas prisionais. Com um déficit de efetivo que chega a 50%, são esses trabalhadores que precisam controlar facções, traficantes, homicidas em 153 casas prisionais do Estado que estão longe de ser modelo. Pelo contrário, em sua maioria, são improvisadas, pequenas, superlotadas por total falta de investimento por parte do Estado. Trata-se de um trabalho que cobra seu preço. Tanto é que, no Brasil, a média de vida do servidor penitenciário é 52 anos, sendo que a aposentadoria só ocorre após os 55 anos.

Durante toda a pandemia de coronavírus foram os servidores penitenciários, bem como os demais profissionais da área da segurança pública do RS, que estiveram na linha de frente. Enquanto todos estavam em casa, preservando-se e esperando a vacina, os servidores da segurança estavam nas ruas, cumprindo com seu dever. Novamente, isso cobrou seu preço. O serviço psiquiátrico da Susepe apresentou aumento de 50% nos atendimentos, desde o início da pandemia de coronavírus, em 2020 e 2021. Além disso, nesse período, dezenas de colegas morreram devido à Covid-19. Sem contar centenas que foram contaminados, que levaram a doença para seus familiares e que sofrem com sequelas até hoje.

Mas isso tudo não bastou para sensibilizar o agora ex-governador Eduardo Leite e seu sucessor, delegado Ranolfo Vieira Jr. – esse último oriundo da área da segurança pública –, a concederem uma recomposição da inflação que, de fato, valorizasse os servidores da área da segurança. Somente no governo Leite, os servidores penitenciários, que precisam comprar sua própria arma, pois o Estado não fornece, já acumulam 20% de defasagem salarial. Dada a inflação acumulada, dois terços do salário do servidor penitenciário foram perdidos, nos últimos oito anos. Isto é, mais de 60% da remuneração derreteu.

Diante desse cenário, o mínimo aceitável e racional, pelo menos para os servidores da segurança, seria um índice de 20%, que são as perdas acumuladas nos últimos três anos do governo Leite. Índice de 6% é, na visão da Amapergs Sindicato, aviltante, revoltante, um deboche.

Presidente da Amapergs Sindicato*


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