A afetividade no morar é o novo luxo contemporâneo

A afetividade no morar é o novo luxo contemporâneo

Por Anderson Coelho*

Anderson Coelho

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Há quem enxergue a casa meramente como um negócio, que pense, simplesmente, na dinâmica de vender e transacionar um bem entre partes. Digo isso porque, para um mercado, em suma, totalitário, pouco importa quem vai habitar os espaços planejados e projetados daquele futuro empreendimento. A dinâmica do mercado é puramente matemática, o que faz com que a relação não abra margem para subjetividades ou dúvidas.

Acompanho, de longe, os debates sobre as mudanças no Plano Diretor da Cidade e, sem entrar no mérito sobre as soluções serem boas ou ruins, sinto que seguimos falando de matemática. Pode parecer filosófico demais pensar em casas como um lugar de refúgio e paz, mas, se a fantasia não existir, a realidade pode adoecer. Geralmente, a primeira pergunta que um incorporador faz ao analisar um terreno é: qual a eficiência deste lote? Em um resumo simples, é a matemática, novamente, balizando um pensamento limitado.
Façamos um exercício: ao pensar em alguns bairros de Porto Alegre, quais os primeiros questionamentos que vêm a sua mente? Quais são os mais seguros? Os mais queridos? Mas se mudarmos o questionamento para o que faz este bairro ser querido? Quem ocupa essa região? Como é a vida no bairro em que você pensou? Tenho certeza de que, independentemente do bairro, estaremos falando diretamente de pessoas, da gente que o ocupa, vive, gerando vivências e experiências naquela região. Agora, se estamos falando de pessoas, e pessoas não são exatas, por que a lógica de pensar no lugar onde elas vivem precisa ser?

A afetividade no morar é o luxo contemporâneo. As casas são formadas por pessoas e é preciso entender a dinâmica de como essas pessoas querem morar. O afeto muda tudo! O mercado imobiliário é responsável por dar um refúgio particular para cada um de nós. E nós podemos transformá-lo em um sistema de pessoas para pessoas, para que cada um cresça e brilhe na sua melhor versão.

*Sócio-fundador da Somos Lares


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