A agonia do IPE

A agonia do IPE

Sérgio Arnoud*

Sérgio Arnoud

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Após o esvaziamento do Fundo da Saúde, o IPE, que já foi referência nacional, começou a conviver com atrasos sistemáticos dos repasses do governo do Estado os quais viraram rotina. E que se refletiram em atrasos no pagamento de médicos, clínicas, laboratórios, hospitais e fornecedores em geral. De repente, virou o patinho feio, desinteressante e pesado para o mercado. Após a divisão em dois, Saúde e Previdência, a Saúde ficou longos meses sem direção e sem conselho, sendo empurrada com a barriga. As sucessivas más gestões, confiadas a candidatos a deputados da base do governo que não se elegeram, contribuíram para agravar esse quadro.

Fecharam as agências regionais, dificultaram o atendimento, agora exclusivamente informatizado e de difícil acesso para milhares de servidores ativos, inativos e pensionistas que não possuem meios ou conhecimento para acessar o instituto. De maior operador de saúde no Estado, responsável por mais de 40% de tudo que se gasta nesta área no RS, atendendo mais de um milhão de usuários, o IPE começou a ser “escanteado” por médicos, hospitais e fornecedores.

Desde o início de seu governo, a exemplo do que aconteceu no governo Sartori, Eduardo Leite vem sucateando o IPE Saúde, onde faltam funcionários, médicos e auditores. E com salários aviltantes a ponto de concursados nem sequer assumirem os cargos e os que assumiram se demitirem rapidamente. O IPE Saúde, essencial para 10% da população gaúcha, perdeu toda sua reserva técnica, pois até o prédio de sua sede foi confiscado pelo Estado, sem qualquer indenização e sem consulta prévia ao Conselho de Administração, conforme determina a legislação.

Ao longo dos dois últimos governos, o IPE virou uma porta giratória, onde diretores presidentes, nomeados pelo governador, entram e saem ao sabor das conveniências políticas e sem qualquer conhecimento da área. Vale lembrar que os representantes dos servidores/segurados foram alijados dos cargos que ocupavam em regime de paridade. Agora só o governo apita. O governador Eduardo Leite pretende diminuir o orçamento do IPE Saúde em mais de R$ 200 milhões, ou seja, o que já estava ruim vai piorar, pois as receitas dependem dos salários que estão congelados há oito anos. O objetivo cada dia fica mais claro: privatizar, vender a troco de banana, segundo o figurino conhecido. Primeiro desmantela e depois vende barato. Como, aliás, Leite já fez com tantas outras empresas como CEEE, Corsan, Sulgás, etc.

*:Presidente da CSB RS e da Fessergs


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