A ciência precisa de mais mulheres

A ciência precisa de mais mulheres

Brenda Fernández

publicidade

A presença de mulheres na ciência hoje é maior se comparada a dez anos atrás. O resultado é fruto de abertura de portas, como políticas de incentivo ao ingresso e permanência delas no meio acadêmico, de uma mudança cultural e social e de projetos que criam pontes entre a comunidade e a universidade.

Mas não se enganem: há muito o que fazer, principalmente para a continuidade de cientistas mães nas pesquisas, visibilidade para a produção de cientistas negras e indígenas, além de uma real representatividade delas em cargos de órgãos e instituições ligadas à produção e à divulgação científica. É muita coisa, né? E ainda tem a esfera da remuneração das bolsas de produtividade, que rende muita insatisfação do meio.

Um desses movimentos que fazem a diferença é o “Meninas na Ciência”, projeto de extensão da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) que há 10 anos aproxima alunas do ensino médio de escolas públicas de Porto Alegre e região aos cursos de exatas oferecidos na universidade pública, como física, matemática e astronomia, entre outros. Além de conhecer o campus e os laboratórios da instituição, as estudantes selecionadas podem ouvir experiências de outras meninas graduandas da área, que expõem a realidade cheia de desafios e pouca representatividade na sala de aula. Aqui há muitas camadas que contribuem para a equiparação de gênero na academia. Uma delas é a representatividade nas ciências exatas, em que mulheres chegam a ser 1/3 dos alunos na graduação. O índice vai caindo conforme elas vão subindo na carreira acadêmica. Quando falamos de mulheres negras, esse número chega a ser nulo em alguns cursos.

Um levantamento da Parent Science mostrou que, em 2023, não havia nenhum bolsista autodeclarado(a) preto(a) nas Bolsas de Produtividade em Pesquisa Sênior do CNPq. Esse mesmo estudo aponta que mulheres são apenas 30% das pesquisadoras remuneradas neste segmento. Na divisão por áreas, elas são 9,4% na engenharia, 10% nas exatas e da terra, 34,1% nas Biológicas e 37,5% na Saúde. No campo de estudo de agrárias, não havia nenhuma bolsista mulher. Nas demais áreas – sociais aplicadas, humanas e linguística, letras e artes, elas são de 50% a 60% dos bolsistas.

Quando a gente junta os dados sobre disparidade de gênero na ciência e os relatos de quem ocupa os espaços científicos, fica nítido que o caminho da carreira científica tem muito mais curvas para as mulheres. Esse tema será um dos abordados no caderno +Domingo do Correio do Povo do dia 10 de março de 2024. Boa leitura!


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895