A Copa do Mundo e o coração do brasileiro

A Copa do Mundo e o coração do brasileiro

Por: Daiçon Maciel da Silva*

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Ano de Copa do Mundo e o evento chega logo após o resultado das eleições. Praticamente a metade do país está dividida. Uma parte, consumida pela tristeza de não eleger seu candidato à presidência da República, outra metade, quer mesmo é cair no samba e vibrar quando a bola da nossa seleção balançar a rede. O fato é que, até para os céticos, que não se empolgam com a Copa do Mundo, os desanimados e desesperançosos desde o inesquecível 7 a 1, em 2014, quando o Hino Nacional toca em um estádio no mundial de futebol, é impossível não levantar a cabeça para tela. Olhando os atletas enfileirados, com o traje “canarinho”, é impossível não cantar baixinho uma ou outra estrofe do hino nacional brasileiro, composto impecavelmente por Joaquim Osório Duque Estrada.

A camiseta da seleção, verde e amarela, começa a vestir novamente cidadãos de todas as crenças, partidos e raças. Há, sim, um recuo no balançar da bandeira que estampa nosso céu de anil. Resquícios das eleições. Boa parte de uma das metades não consegue mais ver nela um símbolo do Brasil. Espero que sejam águas passageiras, afinal, somos todos filhos desta nação. E, apesar de parecer que o período eleitoral não acabou, de que estamos vivendo o terceiro turno, nada vai mudar nossa origem, o lugar de onde viemos e aprendemos a amar.
Nunca vou esquecer, entre tantas Copas que vivi, a de 1958, a primeira em que o Brasil se sagrou campeão do mundo. Era a sexta edição da Copa e foi realizada na Suécia. Eu, um menino de 12 anos, estava na casa de um tio em Porto Alegre e não preciso dizer como fiquei emocionado e eufórico com o resultado. O país inteiro ficou.

Lembro o céu cinzento pelo foguetório e com tanto barulho, mal se ouvia a narração de Mendes Ribeiro pelo rádio. Outra Copa emblemática em minhas memórias foi a de 1970, no México, e deu Brasil, sendo tricampeão mundial. A melhor seleção que o país já teve, em minha opinião. Época da ditadura militar e a vitória do nosso Brasil, abrandou o sofrimento e fez com que o povo brasileiro esquecesse um pouco as dores das prisões e perseguições.

A Copa do Mundo de futebol nos eleva como nação (não vamos pensar aqui em 2014), mas a Copa ressuscita o melhor do brasileiro, nossa garra, nossa grande virtude, que se consolidou há muito tempo. A Copa coloca todos do mesmo lado, levanta a autoestima, permite o sorriso, a diversão. Então, rumo ao hexa e que todos, vitoriosos ou não na eleição presidencial, agora nos abracemos pela vitória do Brasil.

*Engenheiro civil, ex-prefeito de Santo Antônio da Patrulha


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