A mentira favorita dos políticos: fique rico gastando

A mentira favorita dos políticos: fique rico gastando

Maus políticos se utilizam deste anseio por tempos melhores para divulgar produtos ruins e enganosos.

Felippe Hermes

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Você provavelmente já foi abordado por uma dezena, ou mesmo centena, de comerciais com promessas milagrosas. São remédios que permitem emagrecer sem esforço ou investimentos com retorno rápido e elevado. Tudo sem risco, claro. Promessas assim costumam enganar pessoas pouco céticas, fazendo a festa de vendedores da falsa esperança. Mas quando se trata de política, a coisa é um pouco mais bem elaborada.

Não há, dentre todo vocabulário político, à direita ou à esquerda, enganação maior do que a promessa de que o país poderá enriquecer, bem como sua população, apenas ao "fazer a economia girar". O crédito é, via de regra, a medida escolhida.

Maus políticos se utilizam deste anseio por tempos melhores para divulgar produtos ruins e enganosos. E este é exatamente o caso quando falamos sobre juros. De forma simples, os juros são o preço do dinheiro. Quanto maior eles são, mais caro é usar o dinheiro no tempo (gastar agora algo que você pagará no futuro), o que, por sua vez, torna consumir agora algo ruim.

Ocorre que, ao contrário dos gritos políticos, os juros não são um número aleatório definido de acordo com a bondade do governante de plantão. Eles são o reflexo entre discussões que ocorrem entre poupadores e gastadores. Não há, portanto, como aumentar o crédito apenas por boa vontade.

Quanto você cobraria amanhã para deixar alguém gastar o seu dinheiro hoje? Eis a pergunta, repetida milhões de vezes no cotidiano da economia, que a Selic tenta responder. E essa taxa começou a cair após três anos em alta. Isso ocorre não pela bondade do governo, mas pela promessa de controle de gastos futuros e menor risco de descontrole de preços.

Há formas de o país crescer de forma saudável, sem ilusões e promessas milagrosas. É isso que vamos discutir no V Encontro de Economia, promovido pelo Corecon-RS, no dia 12 de agosto. Estarei participando, juntamente com outros economistas de diferentes regiões do país, de debates para pensarmos juntos como fazer com que o Rio Grande do Sul e o Brasil tenham de fato um desenvolvimento econômico real, sem fantasias e ilusões.


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