A Mina Guaíba e os esquecidos

A Mina Guaíba e os esquecidos

Por Miguel Almeida *

Correio do Povo

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Com o período eleitoral, a Mina Guaíba voltou ao centro do debate público. Está presente nas falas dos candidatos à prefeitura de Porto Alegre e, também, em matérias da imprensa. Em foco, está a visão dos postulantes ao cargo sobre o projeto. E, mais uma vez, vêm à tona os preconceitos ideológicos e até mesmo o desconhecimento. Sobretudo, chama atenção um aspecto totalmente ignorado e esquecido: o desenvolvimento da Região Carbonífera.

Nossos municípios são lembrados pela Capital, geralmente, por dois motivos: como destino do lixo para o aterro sanitário, em Minas do Leão, e como morada dos presos para a Penitenciária de Charqueadas. Historicamente, temos sido alijados do progresso. E, hoje, somos uma das regiões mais empobrecidas do Estado. Durante a pandemia, a muito custo, conseguimos leitos de UTI para nosso hospital de referência, em São Jerônimo, que não contava com essa estrutura.

O Polo Carboquímico, se concretizado, mudará totalmente nossa realidade. A previsão é de mais de um bilhão de dólares em investimento, mais de 7,5 mil empregos indiretos e impacto de até R$ 23 bilhões no PIB gaúcho nos próximos 20 anos. É uma oportunidade imensa para a região, repercutindo em mais renda, saúde, educação e infraestrutura.

Em relação à questão ambiental, é preciso deixar para trás uma visão ultrapassada e conhecer as técnicas modernas de extração do minério. Em diversos lugares do mundo, há exemplos incontestáveis de preservação ambiental. A alta tecnologia disponível na atualidade reduz drasticamente a poluição em todos os processos. São avanços que podem ser implementados aqui. A preocupação com o ambiente é legítima e, também, é nosso foco. Mas esse debate precisa ser feito com mais racionalidade e menos ideologia. Enquanto ONGs estrangeiras e outros organismos completamente alheios à questão são ouvidos, a voz de nossa região é continuamente deixada de lado.

A Mina Guaíba é a chance de transformar nossa região. Não podemos ser eternamente esquecidos. Os municípios carboníferos merecem ser protagonistas de suas próprias histórias. É hora de encontrarmos, enfim, o caminho do desenvolvimento.

*Presidente da Associação dos Municípios da Região Carbonífera (Asmurc)


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