A orla do Guaíba é o símbolo da nova Porto Alegre que comemora 250 anos

A orla do Guaíba é o símbolo da nova Porto Alegre que comemora 250 anos

Por Ramiro Rosário*

Ramiro Rosário

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Não sou daqueles que acha o passado melhor do que o presente. Mas confesso que sinto saudade quando meu avô Otto me pegava no 4º Distrito em seu Escort dourado para passear pela cidade. Eu ficava encantado com a lindeza das casas dos bairros Bela Vista e Moinhos de Vento naquela Porto Alegre bucólica do final dos anos 80 e início dos 90. Outro destino era o aeroporto Salgado Filho. Ex-funcionário da Varig, ele gostava de me levar para ver os pousos e decolagens dos aviões. Era um tempo em que o aeroporto era o desejo natural de muitos porto-alegrenses, que em geral gostariam de fazer a vida em outras paragens.

Mas tudo mudou. Se havia poucos atrativos turísticos naquela Porto Alegre de antigamente, agora há quase que uma nova cidade a ser descoberta. Na correria do dia a dia, a gente pode não se dar conta de algo histórico: a cidade se reencontrou com o Guaíba. Há poucos anos, íamos tomar chimarrão na beira do rio (ou seria lago?) sem nenhuma infraestrutura. Tinha até mato em um local que era insalubre e inseguro. Agora não. Ganhamos uma franja longa e bela ao lado do nosso famoso Guaíba, que emoldura o pôr do sol mais lindo do mundo.

A nova orla do Guaíba, nos seus trechos 1 e 3, batizados com mérito de Moacyr Scliar e Jaime Lerner, respectivamente, demorou para ser revitalizada e, consequentemente, frequentada. Como perdemos tempo... Hoje, virou nosso mais bonito cartão-postal, ponto obrigatório dos turistas que aqui aparecem, ícone de todas as imagens da cidade. Vale lembrar que ela só se tornou realidade porque muitos homens públicos ousaram sonhar e outros foram persistentes em realizar as obras enfrentando toda espécie de dificuldades, especialmente a espécime rara de caranguejos que ainda faz parte do nosso ecossistema.

A orla do Guaíba é o símbolo da nova Porto Alegre que comemora 250 anos. A fórmula de parceria com a iniciativa privada é a que viabilizou nosso novo orgulho e é o que garante sua manutenção diária do jeito que todos queremos: limpa, organizada e com atrações diversas. Ela é um marco a inspirar o futuro da Capital – temos de romper paradigmas e unir esforços entre o público e o privado para construir e reinventar outros símbolos da cidade. Hoje, quando passo por ali, penso no meu avô Otto e no velho aeroporto. Se no passado o sonho era partir, agora o sonho tem de ser ficar aqui. Certamente ele está orgulhoso de como Porto Alegre chegou aos seus 250 anos. Nós também!

Vereador em Porto Alegre*


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