A quem interessa atrasar o processo de venda da Corsan?

A quem interessa atrasar o processo de venda da Corsan?

Na política, quase sempre há interesses escondidos.

Felipe Camozzato

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Toda vez que uma empresa está para ser privatizada surgem interesses de todos os lados para tentar impedir o processo de venda para a iniciativa privada. E nem sempre são grupos que querem garantir a entrega de serviços essenciais para a população. O que pode parecer uma atitude benevolente, na verdade, esconde grandes interesses financeiros.

Para ilustrar, utilizo como exemplo a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan). Em 58 anos de serviços da estatal, somente 33,5% da população gaúcha conta com acesso ao serviço de coleta de esgoto sanitário e quase 15% não possui acesso à água tratada. Mesmo com um péssimo desempenho, há sindicatos contra a sua privatização.

Nas manifestações públicas dessas corporações, o argumento é garantir o “interesse público e não o interesse de quem compra”, além de que é necessário fazer uma “luta contra a venda de uma empresa pública que garante um direito essencial ao povo gaúcho”. Como vimos, essa garantia só existe nos discursos. Na prática, o gaúcho paga imposto e não tem água e esgoto.

Esse anseio de manter a empresa nas mãos do Estado tem um motivo preocupante: muitos enriquecem com ações na Justiça do Trabalho envolvendo passivos da Corsan. São sindicatos, líderes sindicais e escritórios de advocacia (geralmente com orientação política) irrigados por esse tipo de indenização. Melhorar a qualidade da empresa não faz parte do interesse. Aumento de produtividade, mais investimentos, alta eficiência e meritocracia são assuntos secundários.

A cada dia que passa sem privatização, os gaúchos perdem investimentos em saneamento básico e qualidade de vida. A Corsan destinou, entre 2018 e 2022, cerca de R$ 900 milhões em passivos trabalhistas. Por trás dos números, fica evidente que a demora na venda da companhia está prejudicando a vida de milhares de pessoas de baixa renda.

Portanto, com todos os argumentos já citados, uma pergunta não quer calar: a quem interessa atrasar um processo que pode ser decisivo para o futuro do Rio Grande do Sul?

Na política, quase sempre há interesses escondidos. Por trás dos discursos benevolentes, muitas vezes há interesses gigantescos. E esse é um dos motivos de ser a favor das privatizações: a empresa privada é melhor gerida e está longe das mãos de quem quer fazer política e não pensa em qualidade. Passou da hora de entregarmos água e esgoto aos gaúchos.


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