A quem serve a democracia?

A quem serve a democracia?

Por Decio A. Damin*

Decio A. Damin

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A resposta à pergunta é óbvia, tão óbvia que nem deveria ser feita. Serve a todos(?!) e a todos dá as mesmas oportunidades. Nela até um semianalfabeto pode chegar ao cume em igualdade de condições com os mais inteligentes e preparados para exercer cargo de tal envergadura. “Todos são iguais perante a lei e deverão ser julgados igualmente. “Todos” têm direito à saúde, alimentação, educação, teto, segurança e lazer. A civilização garantirá o direito do mais fraco e trabalhará com afinco e imparcialidade para resolver contendas que criem um ambiente de desconforto. A Justiça será célere, equânime, isenta e desapaixonada. Este é o regime político ideal, perseguido por todos, mas que, na prática, longe está de cumprir os seus objetivos. Grande parte da população está alheia e talvez nem saiba o que significa democracia, preocupada em resolver problemas que dizem respeito à própria sobrevivência. Correr atrás deste mínimo a ocupa de tal forma que não interessa de onde ele vem e, muito menos, de que regime político. São e serão sempre iludidos pelos mais espertos, que veem na democracia uma forma de alcançar, a qualquer preço, o poder.

Nós, pensantes, temos o dever de defendê-la, apesar de termos até dúvidas de qual seria o resultado de um plebiscito que a colocasse, hoje, em confronto com outros regimes, tal o desprestígio a que a conduzem os maus políticos. Devemos defendê-la intransigentemente e punir com rigor os desvios, banindo, e prendendo, os responsáveis.

O desfilar de mentiras, corrupção, privilégios, cinismo, promessas não cumpridas, desculpas esfarrapadas, desfaçatez e sem cerimônia com que se lança mão do dinheiro público impressionam. A democracia tem permitido que, aqui e ali, se conheçam alguns corruptos, mas está muito longe de acabar com a desonestidade, que, aliás, deve fazer parte da própria natureza humana e, como tal, sempre, e em qualquer regime, sobreviverá. Banir da vida pública os que, flagrados, comprometem a sua credibilidade é o mínimo que podemos fazer para que ela sobreviva “e tente servir a todos”.

Médico*


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