Ansiedade social, o novo sofrimento pós-Covid-19

Ansiedade social, o novo sofrimento pós-Covid-19

Por: Dra. Marihá Lopes*

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Assim como os sintomas do Covid-19 foram mudando conforme as novas variantes, a saúde mental da população também sofreu uma mudança expressiva. De início, falava-se sobre depressão e ansiedade, explicadas facilmente devido às perdas e incertezas vividas pelas pessoas. As coisas foram voltando ao normal e uma nova preocupação tomou conta: como voltar a me relacionar com os colegas de trabalho/faculdade/amigos? 

Esse sofrimento pode ser entendido como ansiedade social ou fobia social. A ideia neste texto não é classificar ou dar um diagnóstico, e sim refletir sobre essa mudança vista entre os profissionais de saúde mental. Observei que, em meu site, até início do ano, a maioria das palavras-chave de busca era “transtorno de ansiedade”, “o que é transtorno de ansiedade” e “ansiedade generalizada”, mas, conforme o ano foi passando, as palavras-chave “fobia social” e “ansiedade social” foram aparecendo em números muito expressivos, chegando a ser os mais buscados. 

Mas afinal, o que é ansiedade social ou fobia social? A ansiedade social faz parte dos transtornos de ansiedade e pode estar em um pavor de se apresentar em público, no pânico em se expor a multidões, no medo de ir a festas, na aversão de participar de reuniões, na ansiedade de encontrar com pessoas desconhecidas em um barzinho ou qualquer situação social do dia a dia. É comum a pessoa acreditar estar sempre sendo observada e que será criticada e, logo, é fácil escutar que deixaram de fazer algumas atividades, passando a fugir de situações sociais, acadêmicas e até de trabalho. 

Esse tipo de demanda aumentou no consultório e é compreensível, já que muitos voltaram a trabalhar presencialmente ou de forma híbrida. O que fazer nesse tipo de situação?

O acompanhamento psicoterapêutico e/ou psiquiátrico ajuda na flexibilização dos pensamentos, aumenta o repertório de habilidades sociais, diminui os sintomas de ansiedade e possibilita que a pessoa possa retornar às suas atividades. Importante lembrar que, na verdade, as situações sociais são eventos geralmente inofensivos, então, caso tenha dificuldade de enfrentar sozinho, uma boa dica pode ser tentar modificar o foco de atenção ao invés de valorizar todas as apresentações que julgou não ter ido bem. Tente colocar isso de lado e force lembrar situações sociais que conseguiu vivenciar.

Não deixe para procurar ajuda somente quando estiver totalmente paralisado. Quanto mais cedo iniciar um tratamento, mais rápido é a melhora. Cuide-se! 

*Psicóloga clínica, especialista em terapia cognitiva comportamental e doutora em Psicologia Social


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