Antes do temporal

Antes do temporal

Por Daiçon Maciel da Silva*

Correio do Povo

publicidade

A bonança que silencia o dia após a tempestade nem sempre representa calmaria e alívio. Entre tantos males que podem ser causados, quando os danos são apenas materiais, a dor é passageira, mas sofre muito quem perde tudo ou o pouco que tem pela força da natureza. A lama e os destroços se misturam ao sentimento de impotência e a solidariedade sempre chega como um manto que aquece e conforta. O Rio Grande do Sul enfrentou uma forte tempestade no dia da Revolução Farroupilha e ainda está contabilizando os estragos feitos pelos ventos fortes e pela chuva de granizo que destruiu telhados e plantações.

Algumas cidades mais atingidas, outras menos, o fato é que no dia do feriado, madeireiras estavam abertas e as equipes de bombeiros, da defesa civil e outros tantos voluntários se dividiam para amparar famílias arrasadas. Meteorologistas confirmam ventos com velocidade entre 50 e 80 km/h no Estado. Em Santo Antônio da Patrulha, onde não são costumeiro eventos como esse, o susto também foi grande. Mais de 100 casas destelhadas, prédios públicos e comerciais, igrejas e salões comunitários foram danificados pela força dos ventos. Não há desabrigados, mas familiares e amigos estão recebendo aqueles que deixaram suas residências para reconstruí-las. Nas ruas, árvores caídas lembram cenas que só vemos em filmes.

Então, refletimos aliviados: o estrago podia ser bem maior, pois vidas foram poupadas nesses momentos de pânico. E aí vem o alerta sobre tudo que podemos evitar. O que pode ser feito para que o mal maior não aconteça?

A Defesa Civil já faz um trabalho exemplar nesse sentido e equipá-la para melhor atender é fundamental. Os municípios precisam de um programa de prevenção aos acidentes naturais, incluindo a revisão de vegetação, de moradias em áreas de risco e a previsão de um fundo, para recuperação emergencial de residências atingidas por tempestades, principalmente para pessoas carentes. A velocidade do poder público para evitar tragédias ou para reconstruir o que ficou tem que ser maior do que a de uma tempestade.

*Engenheiro civil, ex-prefeito de Santo Antônio da Patrulha


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895