Até quando vamos chorar com as chuvas?

Até quando vamos chorar com as chuvas?

Por Daiçon Maciel da Silva*

Daiçon Maciel da Silva

publicidade

Assistindo às notícias sobre a tragédia ocorrida no Rio de Janeiro, é impossível não se sentir inconformado. Quanta tristeza! As chuvas que caíram no dia 15 de fevereiro na região Serrana, mais precisamente em Petrópolis, já contabilizam mais de 100 mortos. Enchentes, enxurradas e deslizamentos de terra destruíram o antigo local de refúgio da família imperial brasileira arrastando tudo e todos que estavam frágeis ladeira abaixo. Vidas porque não tiveram a escolha ou o tempo para batalhar e habitar um lugar melhor.

As moradias improvisadas, instaladas em áreas de risco, com estrutura precária, não suportaram o volume das chuvas, que também surpreendeu por sua intensidade. O Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) registrou na cidade o maior volume de chuvas em 24 horas desde agosto de 1952. É a natureza dando a resposta para tanta imprudência do ser humano com ela. Mas o fato infelizmente não é novo na região. Em 2011, uma forte enxurrada causou a morte de quase mil pessoas em seis cidades, sendo as mais castigadas Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis. Mas as tragédias na cidade histórica são ainda mais antigas, desde os tempos do Imperador.

Então, nos perguntamos: onde está a intervenção do poder público para que fatos como esse não se repitam? Onde estão os investimentos públicos e privados para conter as encostas? Onde estão as leis que proíbem construir ou obrigar demolições e desativações de imóveis?

Enfim, onde está a aplicação dos princípios que regem o correto planejamento para o uso da Engenharia Estrutural e sua relação direta com o uso do solo (Mecânica dos Solos)? Entendo que falta ação, falta gestão, falta fiscalização e falta responsabilização.

Analisando todo este cenário, vejo muitas pautas para os governos. Por que realmente essas pessoas, milhares de pessoas, não encontram as oportunidades para sair desse risco? Falta trabalho, falta educação, falta capacitação, falta incentivo. Faltam políticas públicas habitacionais sérias e necessárias e falta a consciência do ser humano para tratar como deve o seu planeta. Nossa solidariedade à comunidade de Petrópolis.

Engenheiro civil, ex-prefeito de Santo Antônio da Patrulha*


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895