Bossa Nova, 65 anos de cultura brasileira

Bossa Nova, 65 anos de cultura brasileira

Por Antônio Carlos Côrtes*

Antônio Carlos Côrtes

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Este gênero musical, brasileiro e internacional, nasceu sob inspiração do espetacular Johnny Alf (1929-2010), nascido Alfredo José da Silva, em meados dos anos 50 no Rio de Janeiro. Mas também tem raízes no Rio Grande do Sul. João Gilberto, antes de estourar no mundo, chegou a residir e atuar na noite de Porto Alegre. Dizem que um de seus violões esta ainda hoje sob a guarda de conhecido radialista da praça. João deu o ritmo no toque do violão.

Antônio Carlos Jobim (Tom Jobim) era filho de pai sul-rio-grandense. Deu harmonia à bossa, casando samba e jazz. Fórmula perfeita. Elis Regina dispensa comentários sobre sua contribuição.

Pois bem, a composição “Águas de Março”, de Tom Jobim, gravada por ele e por Elis, é obra definitiva. Mas a bossa nova tem outros pais: Marcos e Paulo Valle, Roberto Menescal, Toquinho, Vinicius e Carlinhos Lyra. Felizmente, este legado não vai transcorrer in albis.

Dia 9 de março, às 20 horas, no Teatro Renascença, um trio de piano, baixo e bateria estará relembrando “Águas de Março”, “Wave”, “O barquinho”, “Garota de Ipanema”, “Preciso aprender a ser Só”, “Corcovado”, “Samba do Avião” e tantos outros sucessos.

É Porto Alegre, aqui no garrão da pátria, mais uma vez fazendo o Brasil recordar o gênero que se consagrou no governo de Juscelino, junto ao social da urbanização e industrialização.

O samba de morro com filtro para não perturbar o ouvido sensível da Madame, deu eco à voz pequena, afinada e maviosa de Nara Leão, descendo para o barzinho e o asfalto.
Romantismo, ternura, carinho e sessão de psicanálise gratuita frente ao espelho da verdade ao som do piano. Você quando se vê tem inspiração na canção “Desafinado”, abrindo a alma e até sentando em banquinho dedilhando violão, pois no peito do desafinado também bate um coração.

Se a emoção vier em choro, não tem importância. Deixe a lágrima rolar, pois lava o espírito.

A diva da bossa nova Lenny Andrade me concedeu entrevista tocante. No sepultamento do Tom cantou e chorou “Por causa de você”:
— Você está vendo só/do jeito que eu fiquei/uma tristeza tão grande/nas coisas mais pequenas/Que você tocou.../.

*Advogado e Escritor


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