Brasil, prudência: a paixão cega

Brasil, prudência: a paixão cega

Por: Rodrigo Massulo*

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O Brasil nunca esteve tão politizado. Nisso concordamos. Mas, afinal, política de que tipo temos perpetuado? Enveredamos para a trincheira minada da democracia sentimentaloide e apaixonada, infelizmente. Profundamente extremista, causadora de uma cegueira social que nos encolhe e nos esgota. Desenvolvemos do fisiologismo eleitoral, do clientelismo do voto versus o favor personalista, para um fundo do poço onde a luz está distante porque a subida à terra firme requer consciência cidadã, para além do amor vinculado à ideia de Aristóteles. 

De novo, senhores: qual política nos move a votar e qual política inspira políticos a existir? Sim, acredito no amor, mas, para a política, acredito mais no pragmatismo, na causa e na razão. Política não é paixão, mas resultado tangível na vida social. Ideologia não enche barriga. O que faz um país andar para a frente é a economia aquecida, o trabalhador trabalhando, a criança na escola e a segurança na rua. Política sem resultado é pirotecnia. É preciso trabalhar e permitir que se trabalhe; urge a necessidade do Planalto de também clarear sua política estruturante para serenar investidores, o mercado e a própria sociedade. Estacionamos. 

Extrapolar o teto de gastos é fazer a macroeconomia deslanchar? Nosso cofre público tem as moedas contadas, a conta da pandemia ainda não está paga e prefeituras e estados operam no limite. Prefeito, como pré-requisito, há de ter talento para malabarismo. O exagero na criação de ministérios irá sanar a insuficiência de políticas públicas que patinam no tempo? Ato ilusionista e de pura contemplação partidária. O velho novo, de novo. Para se ampliarem órgãos de poder e deliberação, é preciso capacidade de investimento, protagonismo de execução. Do contrário, é status, um discurso rococó e pouca prática. 

Despertar o Brasil não é um pensamento restrito à direita. Fazer o país feliz de novo não é o poder à esquerda. Olhar para a frente é preciso, criticando de forma vigilante, mas também convergindo, pois o país vem primeiro. É preciso demitir o ranço e se esquivar deste ecossistema eleitoral permanente para fazer o que precisa ser feito. Ressuscitemos a política da gestão e do ataque aos problemas. Se perdermos o sentido da política que cuida das pessoas, podemos redefini-la como conflito ou guerra – tudo, menos política. 

*Prefeito de Santo Antônio da Patrulha


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