Câncer de mama já não é imbatível

Câncer de mama já não é imbatível

Por Carlos Henrique Menke*

Correio do Povo

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O câncer de mama continua sendo uma doença grave de saúde pública que possui uma alta incidência e morbidade: é a neoplasia feminina mais frequente no país, principalmente na Região Sul. O mal também acomete o seio, órgão símbolo da mulher, de importância estética, na vida sexual e na manutenção da espécie (através do aleitamento). Entretanto, esse câncer não é mais o inimigo imbatível e aterrorizador que tanto imaginávamos e temíamos. Os incontestes avanços da Medicina oferecem hoje muito, mas muito mais mesmo, do que ofertava havia alguns anos. Foi em 1990 que se iniciaram, nos Estados Unidos, as campanhas de conscientização que, neste mês, alertam para a doença, com a simbologia do Outubro Rosa, envolvendo entidades médicas, órgãos públicos e privados, sociedade civil, ONGs e comunidades, com o apoio multiplicador da mídia em todo o mundo.

Passadas três décadas, os métodos de diagnóstico precoce, tais como mamografia, ecografia e ressonância magnética, têm descoberto tumores cada vez menores e, sobretudo, elevado os percentuais de cura: as taxas de 40 a 50% de sucesso no tratamento saltaram para índices notáveis de 80 a 90%. Assim, superamos, em grande parte, o fantasma da mutilação que, quase sempre, acompanhava as operações radicais do tipo mastectomia. Técnicas atuais comuns de cirurgia plástica associadas ao tratamento primário, a chamada oncoplastia, contornam o temor da deformidade, possibilitando melhor readaptação da paciente.

Na terapia sistêmica (entende-se quimioterapia bloqueadores hormonais, agentes biológicos), houve progressos significativos e o surgimento de marcadores moleculares/ genéticos levou ao conceito de Medicina Personalizada. Soma-se, do mesmo modo reconfortante, a individualização do tratamento, que respeita as características e diferenças de cada paciente.

Sim, o tratamento do câncer de mama evoluiu e se humanizou, o que é motivo de júbilo para todos, especialmente neste ano histórico de 2020, de tão penosa travessia para vencermos a pandemia da Covid 19. 

*Mastologista, presidente da Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina


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