Carro elétrico, você terá?

Carro elétrico, você terá?

Por Gilberto Jasper*

Gilberto Jasper

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A chegada dos carros elétricos no país remete à lembrança dos veículos movidos a álcool. O primeiro carro brasileiro foi lançado em julho de 1979. O pioneiro foi um Fiat 147 1.3. À época apenas 16 postos ofereciam o combustível Brasil afora. A maioria dos veículos eram protótipos que pertenciam a autarquias e empresas estatais. Essa história começou em novembro de 1975 quando o então Presidente da República Ernesto Geisel assinou o documento que criou o Programa Nacional do Álcool. Era uma alternativa brasileira à crise do petróleo que se tornou caro e escasso a partir de 1973. O álcool combustível surgiu como alternativa ao petróleo, sinônimo de poder, dinheiro e interesses que geraram crises e guerras. Apesar do otimismo foi mais um grande projeto que se esvaiu. O preço do litro do álcool acabou igualado à gasolina. Hoje é raro alguém abastecer com o “combustível do futuro”, embora quase toda a frota saia da linha de montagem como “flex”.

Muitas redes de abastecimento já estão preparadas para receber a frota elétrica que começa a ganhar espaço. Todos os dias, a mídia veicula notícias sobre a novidade, mas os novos veículos, em comparação com os tradicionais, ainda têm preços proibitivos. É difícil prever o desempenho das vendas para turbinar o desenvolvimento da infraestrutura necessária ao abastecimento e à manutenção para o sucesso dos veículos elétricos. Conectar o carro à tomada, para muitos motoristas, ainda soa como uma cena futurista, digna de filmes de ficção científica.

A capacidade de inviabilizar iniciativas promissoras parece inesgotável no Brasil. Ideias que em todo o mundo deram certo por aqui esbarram na burocracia, na corrupção e impedimentos de todo tipo, fazendo o país marcar passo para ser eternamente o “país do futuro”.

“Carro a álcool, um dia você vai ter um!” era o slogan do governo para estimular a aquisição de veículos com novo combustível. À época do lançamento, o litro do álcool custava metade da gasolina. Rezemos para que o carro elétrico venha para ficar. Para o bem do nosso bolso, da economia do país e da natureza.


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