Chimangos e maragatos

Chimangos e maragatos

Por Antônio Ailton Torres de Paula*

Antônio Ailton Torres de Paula

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A democracia é linda, mas cheia de responsabilidades, principalmente para quem escreve, pois a opinião de quem se manifesta por escrito fica registrada. Daí a obrigação de que quem publica seus pensamentos deve fazê-lo com muito cuidado para não enganar ninguém e não induzir pessoas a erros.

Por isso, fiquei preocupado com o equivocado artigo publicado na página 2, do Correio do Povo de 19/2/22, intitulado “Os Maragatos e os Chimangos”, assinado por um publicitário e secretario audiovisual.

O autor desse texto afirma que “chegou a vez do outro lado governar, chegou a vez dos maragatos no Piratini”, sendo que adiante, ele diz que Onix Lorenzoni é de direita e maragato, começando aqui nossa democrática discordância.

Data venia, segundo a nossa história, jamais um maragato foi de direita. Ao contrário, homens como Gumercindo Saraiva, Leonel Rocha, Honório Lemes, Assis Brasil, Batista Luzardo, Prestes e Brizola sempre foram reformadores e revolucionários de esquerda, contrários aos governos direitistas, os quais pregam um executivo forte, sem dar o devido valor ao legislativo, seguindo a doutrina de Augusto Comte.

Os maragatos de 23 (Assis Brasil) diziam ser seguidores das ideias federalistas de 93 (Gaspar da Silveira Martins), os quais seguiam os ideais farroupilhas de 35 (Bento Gonçalves da Silva), que se levantou contra os desmandos do Império Brasileiro, enquanto que os federalistas eram contra as arbitrariedades de Júlio de Castilhos. Na mesma linha, Assis Brasil revoltou-se contra as fraudes eleitorais, as quais contribuíram para Borges de Medeiros comandar nosso Estado em cinco eleições.

Assim, “S.M.J.”, pelas posições políticas assumidas pelo deputado Onix, acredito que ele esteja mais próximo dos chimangos do que dos maragatos.

Faço este registro para contribuir com o debate e em respeito à memória dos revolucionários maragatos.

Advogado e produtor rural*


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