China: reconstruindo os ‘Três Anéis’

China: reconstruindo os ‘Três Anéis’

A estratégia externa da China e os "Três Anéis" na política internacional: uma análise das transformações e alianças no cenário global.

Eduardo Ponticelli

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País oriental de cultura milenar, a China constantemente apresenta ao mundo sua forma de pensar, planejar e agir. A política estratégica para as relações internacionais, denominada "Três Anéis", iniciada em 1949, adotou três estratégias no cenário internacional. O professor e pesquisador de geopolítica e do desenvolvimento na Universidade de Estudos Internacionais em Shanghai Chen Yawen descreve as transformações na estratégia exterior chinesa marcada por duas balizas: a primeira, a concepção de que o “Império do Meio” só poderia encontrar seu espaço em aliança com os países do Sul.

Após 1949, surge a teoria dos Três Mundos, construída por Mao Tse Tung, na qual a China se via profundamente ligada aos países “em desenvolvimento”.
No final dos anos 70, no entanto, acontece a grande mudança da China com a abertura e aproximação das potências ocidentais. O país procura se industrializar, atrair investimentos e desenvolver-se tecnologicamente. Este foi um dos principais eixos estratégicos dentro da concepção "Três Anéis".

A segunda baliza é a iniciativa de ajustar sua orientação estratégica de relações exteriores e priorizar as alianças com países com os quais possa desenvolver uma nova ordem internacional, completamente contrária aos globalistas. Embora comunista, é totalmente voltada para o capitalismo em sua economia.

Hoje, o fortalecimento econômico e crescimento do país é resultado de uma diplomacia positiva no cenário internacional. Ao contrário do Ocidente, onde os EUA e países europeus insistem na dominância global com investimentos bilionários na indústria militar e políticas de sanções comerciais e de isolamento, a China gasta a maior parte dos seus recursos em infraestrutura dentro do país e em países estratégicos, investindo em tecnologia e educação. Dentro da estratégia de reconstrução dos "Três Anéis", novas e velhas etapas andam juntas e se completam.

O bloco de países Brics, capitaneado pela China, claramente revela uma estratégia de união de países que sempre estiveram em planos secundários nos blocos liderados por EUA e pela Europa. A Rota da Seda está dentro desta reforma e ampliada. O Brasil, por exemplo, estava bem longe do emaranhado de trilhas e portos que integravam a Rota da Seda. As novas mudanças e investimentos bilionários na Rota da Seda permitem ao Brasil estar próximo de subverter os mapas geográficos e entrar nas Novas Rotas da Seda.

O ex-chanceler Celso Amorim, que hoje atua como assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assuntos internacionais, em entrevista exclusiva ao jornal Global Times, afirmou que o Brasil está aberto a estudar sua adesão à iniciativa "Belt & Road Initiative".

Com o retorno à posição de maior economia do planeta, no critério de produção de bens e serviços, a China está focada em aproximar-se dos países que compõem o bloco dos Brics, Ásia do Leste e Central e Oriente Médio, definido como "primeiro anel".

A América Latina e a África, fornecedores de commodities de suma importância para o país, são o “segundo anel”. Embora não rejeite relações com os países ricos, enxerga-os apenas num “terceiro anel”.


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