Ciclone: o que poderíamos ter feito?

Ciclone: o que poderíamos ter feito?

A passagem devastadora do ciclone deixou um rastro de destruição e histórias de sobrevivência impressionantes.

Daiçon Maciel da Silva

publicidade

Não é possível parar um ciclone. Sabemos que quando adventos desta natureza chegam, não há força ou tecnologia que os contenham. A salvação só pode estar no Criador e na fé que o ser humano é capaz de ter. Como o caso da senhora, Dona Roseli, que, no município de Caraá, sobreviveu a 36 horas, no leito do rio, agarrada a uma árvore. Ela descreve a experiência aterrorizante e só atribui a Deus o fato de estar viva.

A cada dia, uma nova história relacionada à passagem do ciclone, que causou muita destruição no litoral norte do Estado e em outras regiões, nos arrepia. A família de Caraá que se abrigou no forro da casa, com um filho pequeno, vendo a água subir, o desespero dos que ficaram sem contato com familiares e ainda procuram desaparecidos, o cão que sobreviveu ao lado de sua tutora, que foi encontrada entre escombros já sem vida.

O município de Caraá, filho de Santo Antônio da Patrulha, foi o mais atingido. A cheia do Rio dos Sinos levou tudo o que havia pela frente. Imagens de uma terra arrasada, destruição de casas, pontes, estradas e do trabalho de uma vida toda.

Mas, se não há nada a fazer quando o vento chega soprando forte e as chuvas não param, é possível sair da sua rota em tempo ou amenizar os seus estragos? Hoje, a previsão meteorológica é mais assertiva, a tecnologia permite a identificação de um cenário com maior antecedência, bem como, a propagação de alertas. Protocolos para agir diante da chegada desses eventos devem estar na ponta da língua de órgãos públicos e comunidades. E o atendimento a essas situações tem que ser imediato.

Já se sabe que algumas cidades são mais propensas a enchentes, por exemplo, e os recursos para este fim, não podem ainda ser garimpados. Não deveriam, prefeitos, três dias, depois de uma tragédia em suas cidades, ter que ir a Brasília para garantir a verba para uma emergência. Ou seja, o recurso chega tarde, e, muitas vezes, precisa ser devolvido, porque a situação de emergência já não existe. Mas a espera castigou ainda mais os municípios.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895