Com ou sem emoção?

Com ou sem emoção?

Por Gilberto Jasper*

Gilberto Jasper

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Já virou chavão dizer que o ano, no Brasil, se inicia depois do Carnaval. O ano que recém terminou impôs a necessidade – e o direito – de uma folga merecida para todos os brasileiros. Uma quantidade sem precedentes de conflitos marcou 2022, principalmente no segundo semestre. O período foi marcado por uma disputa eleitoral sem precedentes, com cicatrizes que tão cedo não desaparecerão. Além disso, tivemos mais uma frustração da nossa Seleção Brasileira, apesar da ótima safra de jovens jogadores. Serão mais quatro anos de especulações sobre os motivos do fracasso verde-amarelo .

O ano novo, em poucos mais de 40 dias, apresentou a repetição de fatos comuns ao período. As enxurradas Brasil afora, por exemplo, resultado de chuvas intensas, provocaram tragédias que contabilizaram mortes, prejuízos incalculáveis e ampliação de miséria junto às populações que vivem em sub-habitações edificadas em zonas de risco.
No Rio Grande do Sul, o calor intenso castigou gaúchos de todas as querências. Forasteiros que chegam ao Estado são surpreendidos por temperaturas que transformaram Porto Alegre na capital mais quente do país em vários dias. Isoladamente, isso não chega a ser novidade. Basta recordar os últimos verões que atingiram marcas históricas em relação às temperaturas extremas.

A novidade para os rio-grandenses, neste 2023, chegou às vésperas do Carnaval, época de folia, descanso à beira-mar, lazer e relaxamentos físico e mental. Apesar do tradicional congestionamento da freeway em direção às praias, os veranistas de feriadão foram obrigados a trocar as bermudas, chinelos e camiseta por moletons, abrigos e edredons para enfrentar o frio fora de época. Foi a estreia do ”invernico de fevereiro”.

Passados o Natal, Ano-Novo e o Carnaval, o retorno à rotina exige reinvenções frequentes e o preparo para encarar as surpresas do cotidiano. Apesar dos transtornos, acontecimentos “fora da curva” e não planejados constituem o tempero da nossa existência. Repetir por 365 dias do ano o mesmo script transformaria a vida em uma repetição enfadonha, sem atrativos.

Ok, concordo que o excesso de sobressaltos geram certa bagunça no dia a dia. Mas a vida é isso mesmo. A sucessão dos dias se parece com aqueles passeios de buggy nas paradisíacas dunas do Nordeste: de acordo com os acontecimentos (e nossas decisões), pode ser com ou sem emoção. 

*Jornalista


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