Consignado: desafios para bancos e clientes idosos

Consignado: desafios para bancos e clientes idosos

Número de idosos endividados aumentou 34,7%, no recorte de abril de 2019 a abril de 2023, segundo dados do Serasa Experian

Daniel Borin

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A notícia de que a inadimplência cresceu entre a população idosa acende um alerta sobre a modalidade de empréstimo mais popular entre aposentados e pensionistas: o crédito consignado. A alta de juros e a inflação acima da meta são apontadas como as principais causas para que pessoas com 60 anos ou mais buscassem formas alternativas para manter as contas da casa em dia. Dados do Serasa Experian revelam que, em quatro anos, o número de idosos endividados aumentou 34,7%, no recorte de abril de 2019 a abril de 2023.

Além da própria pandemia, que afetou a fonte de renda de muitas famílias, o ambiente instável na política e na economia turbinaram o percentual de inadimplentes, em todas as faixas etárias. Mas é importante analisar de perto os novos desafios que as instituições financeiras e os próprios clientes passam a enfrentar no que se refere ao consignado. Em março, por exemplo, pelo menos dez bancos anunciaram que deixariam de oferecer esse tipo de crédito, após o Conselho Nacional de Previdência Social reduzir o teto de juros ao mês – para o consignado em benefício previdenciário – de 2,14% para 1,7%.

Neste contexto, é importante destacar o compromisso dos bancos em conceder empréstimos de forma responsável. O crédito consignado é uma opção disponível para aposentados, pensionistas do INSS, servidores públicos e funcionários de empresas privadas conveniadas. Essa modalidade possui critérios bem definidos, incluindo a comprovação de renda, idade mínima, análise de margem consignável e consulta ao histórico de crédito. Essas exigências têm o objetivo de garantir uma operação financeira sustentável.

Se há um crescimento da inadimplência entre idosos, é preciso reforçar os canais e as orientações para aqueles que desejam negociar. No caso específico dos aposentados, é importante mencionar que esses podem enfrentar desafios adicionais, pois dependem exclusivamente do benefício previdenciário para sua subsistência. No entanto, os bancos estão cientes dessa realidade e buscam oferecer alternativas que sejam condizentes com a capacidade financeira dos clientes. 

A negociação é uma opção válida para encontrar um acordo que permita o equilíbrio entre as necessidades do idoso e a viabilidade para o banco. Há pelo menos 745 mil gaúchos com mais de 60 anos nessa situação. É preciso, portanto, investir em uma comunicação mais acessível, com segurança e principalmente em educação financeira. Afinal, além de reduzir o endividamento, também é preciso mitigar fraudes e riscos.


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