Desafios da sociedade civil Organizada

Desafios da sociedade civil Organizada

No seio do serviço público, brotou a Operação Lava Jato, florescendo quando o Brasil encontrava a maior recessão de sua história.

Rodrigo Sousa Costa

publicidade

A partir das eleições de 2022, em um país polarizado, com maus exemplos de conduta da direita à esquerda, na contramão da prometida reconciliação dos brasileiros, surgiram agressões a setores inteiros. Em um Brasil com tantas riquezas naturais e econômicas, enxergamos pessoas procurando comida em latas de lixo, famílias inteiras sob barracas de lonas pretas convivendo com esgoto a céu aberto, invisíveis numa sobrevivência indigna e degradante.

Por anos debatemos a criminalidade que nasce da injustiça social, de crianças que tiveram direitos negados, sem um lar com alguém que as amasse indicando o caminho do bem, que foram acolhidas pelo tráfico, escolhendo o crime ainda sem discernimento, como vítimas da omissão da sociedade.

Porém, num momento de 2013, milhões de pessoas saíram as ruas contra uma elite política, empresarial e de servidores públicos que desfrutavam de privilégios para poucos em prejuízo de todos.

Explodiu a indignação com um país que não era capaz de encontrar seu destino por uma mistura de má gestão com corrupção, burocracia com falta de liberdade econômica, negando ascensão a milhões de pequenos empreendedores.

No seio do serviço público, brotou a Operação Lava Jato, florescendo quando o Brasil encontrava a maior recessão de sua história.

Repentinamente, vimos criminosos que não eram vítimas da sociedade, mas donos de empreiteiras, diretores de empresas públicas e chefes de poderes presos numa enxurrada de evidências probatórias. Homens poderosos e envergonhados admitindo crimes porque também acreditaram que o país estava mudando.

Mas erramos quando acreditamos que fariam por nós as mudanças que clamávamos e voltamos para casa defendendo líderes com pés de barro, como se suas condutas nos representassem, deixando que nos dividissem. De uma hora para outra, vimos criminosos como vítimas da conspiração de tribunais e promotores públicos, injustiçados pelos meios de comunicação, numa sensação de que a corrupção pode voltar sem qualquer pudor, da esquerda à direita, porque vivemos um tempo em que a pior narrativa se sobrepõe a mais evidente verdade.

Nesta crise de valores que nos desafia, precisamos assumir nosso papel enquanto sociedade civil organizada com coerência, rechaçando os desvios dos que se locupletam nos espaços de decisão, para que se reencontre o caminho da justiça social pelo trabalho honesto, pela busca por excelência, por oportunidades de uma vida digna para todos.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895