Erradicar a pobreza é condição necessária para qualquer outro avanço

Erradicar a pobreza é condição necessária para qualquer outro avanço

Por Bianca Feijó*

Correio do Povo

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Se antes da pandemia a desigualdade social no Brasil já era alarmante, agora ela virou um abismo entre os que têm tudo e os que nem sabem o que vão comer na próxima refeição. Pela 1ª vez em 17 anos, mais da metade da população brasileira não tem garantia de comida na mesa. De acordo com a Rede Penssan, são mais de 116 milhões de brasileiros vivendo em situação de insegurança alimentar, sendo que grande parte dos lares onde a fome chega são chefiados por mulheres. 

Mas a crise não chegou da mesma forma para todos: na mesma semana em que a pesquisa foi divulgada, nós também recebemos a notícia de que o Brasil tem 11 bilionários estreantes na lista mundial da Forbes. Ao todo, são 57 brasileiros ocupando o ranking. Esse é o retrato da desigualdade no nosso país: os de cima sobem e os de baixo descem. A pobreza é um problema crônico por aqui e precisa urgentemente se tornar pauta prioritária, tanto para esquerda quanto para a direita - e não apenas por uma questão de uma humanidade, se isso não for o suficiente para lhe convencer. 

Quando a população tem poder de compra, a economia fica aquecida. Quando os mais pobres conseguem ascender socialmente, as crianças vão melhor na escola, conseguem empregos melhores e dificilmente acabam recorrendo ao crime. Praticamente todas as pautas passam pela diminuição da desigualdade, inclusive o combate à violência doméstica. Como, em meio a uma pandemia, vamos fazer chegar os canais de denúncia na casa da vítima, se ela não tem acesso à internet? Aliás, como falar sobre igualdade de gênero com uma mulher que precisa se preocupar em garantir a comida dos filhos? 

Investir em políticas públicas que elevem a qualidade de vida das pessoas não é apenas “a coisa certa a se fazer”, mas é o que vai tornar nossa sociedade mais próspera e bem desenvolvida, onde todos saem ganhando, inclusive os ricos. É muito melhor ser rico num país igualitário, porque isso vem carregado de muitos outros benefícios que não são individuais. Se isso não tocar no seu coração, com certeza vai tocar no seu bolso. Não fazer nada a respeito da pobreza é muito mais caro para todos nós.

*Diretora de Políticas para as Mulheres do RS

 


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