Etarismo feminino: mais visibilidade e luta

Etarismo feminino: mais visibilidade e luta

Lisiane Mossmann

publicidade

Aos 54 anos, como jornalista, vivencio o etarismo e o sexismo na pele. A cada dia, a invisibilidade imposta pela sociedade sobre as mulheres maduras se torna mais evidente. No mercado de trabalho, somos descartadas por sermos “muito velhas”, enquanto nos espaços sociais, nossa voz é silenciada. Essa realidade é um reflexo de uma sociedade que ainda precisa evoluir muito em termos de igualdade de gênero e respeito à diversidade etária.

De acordo com uma pesquisa da Catho, 77% dos recrutadores admitem ter algum tipo de preconceito contra candidatos com mais de 50 anos. Isso revela uma mentalidade arcaica que associa a idade à produtividade e ao valor de um profissional.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou dados sobre a taxa de desocupação no último trimestre de 2023. Embora a taxa geral tenha diminuído, as mulheres continuam enfrentando índices mais altos. Enquanto a taxa de desemprego entre as mulheres caiu de 9,3% para 9,2%, a dos homens reduziu de 6,4% para 6,0% no mesmo período. Isso significa que apenas os homens alcançaram uma taxa inferior à média nacional de 7,4%. Esses números evidenciam claramente a discriminação de gênero que persiste no mercado de trabalho.

A invisibilidade das mulheres maduras também é evidente na mídia. O Global Media Monitoring Project, o maior estudo sobre gênero na mídia mundial, mostrou que em 2020, no forte processo de pandemia, com as atenções voltadas para o combate ao coronavírus, as mulheres foram apenas 27% dos especialistas em saúde ouvidos pelos veículos de comunicação.

O estudo também destaca a ausência de mulheres mais velhas nas notícias, com apenas 3% das mulheres retratadas entre 65 e 79 anos, em comparação com 15% dos homens. Segundo o relatório, o desequilíbrio é grande no Brasil quando falamos de fontes ouvidas pelos jornalistas. São 73% homens e apenas 27% mulheres.

Como se isso não bastasse, Mapa da Violência 2022 indicou que a taxa de homicídios de mulheres com mais de 60 anos aumentou 22,2% entre 2016 e 2020. A PNAD Contínua 2021 revela que mulheres negras com mais de 50 anos ganham, em média, 41% a menos que homens brancos da mesma faixa etária. Esses dados alarmantes evidenciam a urgência de políticas públicas e ações sociais que visem proteger e valorizar as mulheres maduras.

A luta contra o etarismo e o sexismo é uma batalha que travamos diariamente. Precisamos desafiar os estereótipos. Juntas podemos reescrever a narrativa da maturidade feminina e mostrar ao mundo a nossa voz. É hora de reconhecer e valorizar a sabedoria, a experiência e a resiliência das mulheres maduras. Afinal, a idade é apenas um número e todos nós merecemos respeito e oportunidades iguais, independentemente de quantos anos temos.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895