Informar ou desacreditar?

Em Israel, dezenas de milhares de pessoas saíram às ruas para protestar contra a reforma do Judiciário, em flagrante defesa do estado democrático de direito, sob a compreensão de que ela empurraria o país a um modelo autoritário. Pergunto-me se manifestação semelhante aconteceria, atualmente, no Rio Grande do Sul? Daí recordo que no último 08 de janeiro milhares de pessoas invadiram e depredaram a sede do Judiciário Brasileiro, em flagrante ataque ao Estado Democrático de Direito. 

O que houve em Brasília não acontece por acaso. Quando parcela dos meios de comunicação e das redes sociais disseminam a desinformação e articulam uma campanha que busca desacreditar um Poder de Estado perante a opinião pública, pavimentam o caminho para a democracia ser vilipendiada. É certo que a imprensa não pode ser censurada.

Ela tem o dever de livremente informar, criticar e mesmo de denunciar o que supõe ser uma irregularidade aos órgãos de controle, seja quem for. No entanto, quando se utiliza de narrativas enganosas, quando destaca a denúncia e não evidencia na mesma medida o contraponto, quando expõe o nome das pessoas desnecessariamente, mas sobretudo quando reproduz reiterada e injustificadamente um fato com o nítido propósito de achincalhar, ela coloca ou pode colocar a opinião pública contra um Poder de Estado. Pronto, insuflada e mal informada, a população se volta contra uma instituição e suas lideranças, cenário propício para o ataque a quem existe para assegurar a aplicação da lei e a democracia. 

A Imprensa são os olhos da Nação, como dizia Rui Barbosa. Há que se ter discernimento do limite entre informar e desonrar. É o que caracteriza uma empresa de comunicação como responsável ou não. Seguirei otimista, sonhando que neste Estado, assim como em Israel, a população tenha não só consciência da relevância, mas acredite no Poder Judiciário, pois isso é imprescindível à manutenção de um Estado de Direito.