Inteligência artificial: sem dor de cabeça

Inteligência artificial: sem dor de cabeça

Mesmo com tantas vantagens, é preciso analisar todas essas evoluções com cautela.

Saymon Leão

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A inteligência artificial está presente em diversas áreas da vida, desde chatbots – como o ChatGPT – até assistentes virtuais para automóveis e acessórios, como relógios. O que nem todo mundo percebe é o quanto a tecnologia se aprofunda e aprende sobre o perfil de cada usuário, a partir do compartilhamento de uma série de dados privados, como localização em tempo real, batimentos cardíacos e até mesmo o nível de estresse.

É louvável que a inovação avance a serviço da saúde e do bem-estar. Em muitos casos, o monitoramento com apoio de inteligência artificial permite prevenir doenças e até mesmo diagnosticá-las de maneira precoce. Tanto, que grandes empresas como a Apple já anunciaram que pretendem explorar o mercado de “conselhos personalizados”. Batizado de Quartz, o coaching de saúde da marca promete incentivar a prática adequada de exercícios físicos, além de recomendar boas maneiras voltadas ao sono e à alimentação.

Mesmo com tantas vantagens, é preciso analisar todas essas evoluções com cautela. Ao mesmo tempo em que a inteligência artificial customiza a sua atuação de acordo com as necessidades das pessoas, o modelo exige um compartilhamento ilimitado de informações. Até que ponto estamos dispostos a essa exposição? Como lidar com o fato de que um robô sabe mais sobre a nossa saúde do que nós mesmos, ou os nossos médicos? A quem interessa a gestão de todos esses dados? Nosso perfil está mesmo a salvo de vazamentos?

Sempre que se fala em tecnologia, há de se tratar de segurança. Por isso é tão importante promover o debate e, na esfera legislativa, a devida regulamentação. Neste contexto, o projeto de lei n° 2338/2023, que está em tramitação no Senado Federal, deve ser aprovado com responsabilidade e total atenção pelos parlamentares. É a partir dessa diretriz que o mercado se movimentará.

As empresas já se organizam no sentido de valorizar cada vez mais os dados pessoais dos seus clientes, expandindo a utilização dos recursos da IA. Também cabe, aos usuários, optarem por serviços que mantenham práticas transparentes de processamento e tratamento de informações. Usufruir das inúmeras possibilidades da inovação – como ferramentas para cuidar da própria saúde – é benéfico. Mas envolve também uma série de cuidados, para evitar que a AI se torne uma grande dor de cabeça.


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