Investir na primeira infância para combater desigualdades

Investir na primeira infância para combater desigualdades

Por Gabriel Souza*

Gabriel Souza

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Após quase dois anos de pandemia, já podemos entender quais são os principais impactos na sociedade. Na economia, o problema mais grave é a queda da renda, em especial a dos mais pobres. A pesquisa sobre o futuro do trabalho, encomendada pela Assembleia Legislativa, retrata esta realidade: metade dos entrevistados admite ter sofrido impacto sobre seu emprego e, desses, 61,1% perderam renda, enquanto 24,9% ficaram desempregados.

É importante para os formuladores de políticas públicas atentarem para um recorte etário praticamente invisível nesses dados: a pobreza na primeira infância. Ao verificarmos o impacto na faixa etária de zero a seis anos, surge um importante desafio para o futuro, já que 23,2% dos entrevistados na pesquisa sobre a desigualdade social têm filhos nesse grupo e, desses, 3,5% informam que elas sequer possuem acesso a brinquedos, o que afetará o desenvolvimento cognitivo e a capacidade de inteligência emocional na vida adulta.

Além de se tratar da fase mais importante para o desenvolvimento do cérebro do indivíduo, o investimento na primeira infância também tem a ver com a sobrerrepresentação da infância na pobreza em relação às demais faixas etárias; a importância da melhoria da vida das mães – que costumam ser provedoras dessas famílias – , ao se propiciar formas de inserção no mercado de trabalho; e, do ponto de vista econômico, estudos apontam que cada dólar investido nessa faixa etária, gera um retorno futuro de 17 dólares.

Ainda, os gaúchos identificam no investimento em políticas públicas um meio estratégico de promover uma sociedade mais justa: 89,3% entendem que o governo deveria criar programa de transferência de renda para famílias pobres com filhos de até seis anos e 85,7% defendem investimentos na primeira infância para combater a desigualdade. Em um Estado que registra o maior índice de envelhecimento do país, investir nas crianças significa uma população mais saudável e preparada para a velhice. Um grande desafio que temos pela frente para garantir uma sociedade mais igualitária.

Presidente da Assembleia Legislativa do RS*


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