Leia para uma criança

Leia para uma criança

Por: Beatriz Lobo*

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Em janeiro comemoramos o dia do leitor, em homenagem à fundação do jornal cearense “O Povo”, pelo jornalista e poeta Demócrito Rocha, em 1928. Data que nos convida a uma reflexão sobre o papel da leitura no nosso desenvolvimento como humanos. A leitura possibilita a compreensão do mundo, impacta no desempenho cognitivo, facilita a comunicação, tem impacto na formação profissional e pessoal, na construção de pensamento crítico e reflexivo, propiciando o desenvolvimento da cidadania e a inserção na sociedade. É, ainda, um momento de lazer e prazer, um estímulo à imaginação. Ler é viajar sem sair do lugar. Possibilita conhecer mundos e histórias e, com isso, imaginar e sonhar novos mundos e novas possibilidades de solução de problemas. 

É durante a infância que a criança tem os primeiros contatos com o mundo da leitura através da família e, em seguida, através da escola. A forma como a leitura é introduzida nesses espaços vai interferir no desenvolvimento do prazer associado à leitura, sendo fundamental que seja inserida de forma positiva no dia a dia. Considerando que a criança aprende, primordialmente, através da observação, ao imitar os comportamentos dos adultos e das crianças ao seu redor, torna-se crucial que a criança veja seus cuidadores lendo. Famílias que têm o hábito de leitura, que leem para si e que leem para suas crianças, têm maiores chances de que elas desenvolvam o hábito de leitura. 

Uma importante forma de desenvolver o hábito de leitura em crianças é contar histórias, hábito que também fortalece o vínculo e as relações familiares, uma vez que ajuda a criança a associar emoções positivas à leitura e a vivenciar trocas afetivas. No momento em que os adultos leem para as crianças, elas despertam para se tornarem leitoras à medida que crescem. Conforme se desenvolve e passa a ler sozinha, a criança vivencia o prazer associado às histórias e se beneficia da estimulação à imaginação propiciada pela leitura. A escola ocupa um lugar ímpar, que é o de tornar essas atividades lúdicas, que possam facilitar a socialização e o desenvolvimento da leitura. 

Nesse processo, o hábito da literatura desenvolvido na criança atua em seu desenvolvimento pessoal e cognitivo, além de ser uma via de humanização. A literatura atua, nesse sentido, como um “equipamento intelectual e afetivo”, nas palavras de Antonio Cândido, uma vez que nos humaniza, nos alimenta de imaginação e poesia ao nos fazer vivenciar diferentes realidades e situações. Toda a sociedade se beneficia de leitores vorazes. Leia para uma criança.

 

*Professora de Psicologia da Estácio RS


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