Mais saúde mental — todos precisamos!

Mais saúde mental — todos precisamos!

E já será um novo começo.

Lorena Caleffi

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A sensação de recomeço que o mês de janeiro carrega é um convite a cada ano. É o momento de pensar em mudança, de projetar, de refletir, de zerar a conta — ou de tentar. Não existe período que simbolize melhor o passo a passo para nos conscientizarmos sobre nossa saúde mental. Historicamente, o primeiro mês do ano recebeu esse nome devido ao deus romano Janus, que possuía duas faces: uma voltada ao passado e a outra ao futuro. 

O Janeiro Branco fomenta que falemos mais – muito mais – sobre um assunto que afeta milhares de pessoas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de um bilhão de pessoas vivem com algum tipo de transtorno mental. Quando se fala de ansiedade, o Brasil ocupa o primeiro lugar no mundo e o quinto lugar quando se trata de depressão. Doenças como essas não distinguem faixa etária, situação financeira e localidade. A OMS estima que a depressão irá afetar, nos próximos 20 anos, mais pessoas que o câncer ou as doenças cardíacas. Chegou ao ponto de a ansiedade virar a vilã da sequência de “Divertidamente”, filme da Disney com lançamento previsto para este ano. 

Essas condições nem sempre são reconhecidas como doenças – e os sintomas são subestimados. O dormir mal é justificado pelo estresse. A falta de apetite ou o comer em demasia nem sempre estão no centro da atenção do paciente ou, quando estão, muitas vezes se tornam mais uma dor, misturada a tantas outras. Estamos no caminho de normalizar a angústia, o excesso, entre outros, que ultrapassam o limite do aceitável. A régua do sucesso está cada vez mais alta – seja no trabalho, nas finanças, nas relações, na maternidade, nas amizades, na estética. 

E a saúde mental? Qual posição ocupa na régua desse sucesso? Quase todo mundo sabe o que precisa fazer para viver bem: dormir e comer melhor, fazer atividade física, praticar exercícios de relaxamento, descansar. Se a receita é razoavelmente simples, por que há tanto adoecimento? O alerta é para que a busca pela saúde mental não se torne mais um motivo de ansiedade. Quando não for possível combinar mais de uma recomendação, busque o equilíbrio. 

Conviver em certa medida com o estresse e com o relaxamento garante ao nosso organismo a depuração de substâncias oxidativas produzidas pelo estresse. E já será um novo começo. A dica é usar janeiro como um marco: deixar para trás o que não foi possível ser feito, focar no que ainda pode ser realizado e adotar pequenas mudanças para preservar a saúde mental. Não sejamos tão exigentes, mas sejamos responsáveis com o que rege todo o resto: nossa mente.


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