Mascotes na pandemia

Mascotes na pandemia

Por Gilberto Jasper*

Gilberto Jasper

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Há tempos que os animais de estimação ocupam importante espaço nas famílias modernas. Ao longo da pandemia, porém, esta situação ficou ainda mais evidenciada. A solidão, o medo da depressão e a impossibilidade de aglomerar com amigos e familiares levou muita gente a adotar os chamados mascotes – geralmente cães ou gatos.

O segmento integrado pelas denominadas pet shops explodiu. A proliferação de lojas que vendem todo tipo de produtos, artefatos e alimentos para os bichos de estimação apresenta um crescimento vertiginoso. Muitas vezes, é preciso marcar o tradicional banho e tosa com semanas de antecedência.

O afrouxamento das restrições, somado ao período de férias em que a maioria dos gaúchos se desloca para o Litoral, acarretou outro fenômeno: o abandono dos animais, quase sempre por parte dos proprietários novatos, desacostumados a planejar soluções na hora de viajar.

Parece inacreditável, mas é grande o contingente de pessoas que abandona os parceiros de quatro patas em terrenos baldios no verão. Outro local ainda mais inacreditável é o acostamento das principais rodovias do Estado, com destaque para a freeway. Além do absurdo do abandono, os animais correm com o risco de atropelamento, algo imperdoável.

Isto contradiz a crença difundida de que a pandemia serviu para estimular a empatia, incentivar a solidariedade e compartilhar soluções para minimizar o sofrimento do confinamento. É desafiador imaginar que um ser humano seja capaz de largar um cachorro numa rodovia movimentada e conseguir dormir à noite.

Ao longo de boa parte da infância dos meus filhos, neguei a possibilidade de ter um cão dentro de casa. Há 12 anos, sem explicação lógica, eu mesmo sugeri a ideia, tornada realidade em menos de 24 horas. Hoje, o maltês Fiuk reina soberano, cheio de vontades e manias, tudo aceito por toda a família.

Nos passeios, o bicho é atalho para novas amizades, semelhante ao que acontece nas caminhadas com um bebê. Poucos resistem à simpatia de um animal. Afinal, ele pouco exige. Se contenta com um afago, uma voltinha na quadra ou uma brincadeira com uma bola. É impossível não ser conquistado!

Jornalista*


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