Mulheres ainda longe do topo nas empresas familiares

Mulheres ainda longe do topo nas empresas familiares

Laís Machado Lucas

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Quando falamos na figura de CEO ou de membros do Conselho de Administração de uma empresa, você pensa em uma figura masculina ou feminina? Se você pensa em uma figura masculina, saiba que a sua imaginação corresponde à realidade do mercado, já que os homens são ampla maioria nos cargos diretivos das empresas, inclusive naquelas de perfil familiar. Especialmente nesses casos, as mulheres não estão na “linha de frente”: de acordo com a consultoria KPMG, elas ocupam somente 22% dos cargos de liderança das companhias familiares brasileiras. Em um cenário mais geral, quando considerada a presença feminina na presidência de todos os tipos de organizações e em outros cargos de liderança no Brasil, o índice cai para 17%, segundo o Panorama Mulheres 2023 do Talenses Group e do Insper. E, se observarmos somente os conselhos, veremos que o percentual de mulheres gira em torno de 17,8%, de acordo com estudo da Evermonte Executive Search.

No mês marcado pelo Dia da Mulher, é essencial refletirmos sobre esses dados. Por que essa é a realidade das empresas brasileiras e, inclusive, das empresas familiares? Sabemos que, quando se trata de sucessão, as herdeiras mulheres raramente são as favoritas para a função. A maior proximidade entre o fundador e os filhos homens, bem como a cultura patriarcal, são algumas das possíveis explicações para o fato de as mulheres terem menos oportunidades quando o assunto é o comando dos negócios. Além disso, historicamente, devido às normas sociais, as mães e irmãs ficam nos bastidores, focadas no cuidado emocional e na manutenção dos valores da família empresária.

Embora em menor número nas posições de comando, as mulheres têm muito a contribuir para o aumento da capacidade de inovação e criatividade, gerando companhias mais produtivas, lucrativas, cooperativas, organizadas e humanas. Nesse sentido, as diferenças geracionais podem ser ativos benéficos, que, se bem manejados, agregam mais uma vantagem competitiva aos negócios. Ademais, a diversidade e a igualdade de gênero são atrativas aos investimentos e benquistas pelo mercado – tanto é que a B3 estabeleceu que, até 2026, as empresas listadas incluam ao menos uma mulher e uma minoria sub-representada em seus conselhos de administração ou equipes executivas.

Para assumir a gestão de um negócio e manter sua qualidade, além de alavancar seus resultados, não basta ser herdeira. É primordial nutrir uma vontade sincera e verdadeira em ascender ao cargo, buscando capacitação adequada e acompanhando a rotina do negócio para entender suas particularidades e necessidades, atuando em diversos setores. Ou seja, as gerações sucessoras devem ser proativas, inovadoras e ousadas – sem esquecer o valor emocional intrínseco de ter e administrar uma empresa familiar, valorizando, para além da riqueza financeira, o legado da família.


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