Negritude

Negritude

Por: Cláudio Batista de Souza*

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A instituição das comemorações pelo transcurso da Consciência Negra nos leva a pensar em tudo que observamos a partir do nosso viver. Na condição de defensor público, mesmo inativado, é bom vislumbrar a presente ação do órgão ao qual pertenço, atingindo objetivos nobres à sociedade brasileira, gerando oportunidades ímpares nos mais complexos vieses de uma população pobre, até então mal assistida em suas ansiedades e direitos humanos.

A Defensoria Pública nasceu dos trabalhos voluntários de ação civil no que diz respeito ao mínimo de direito social dos indivíduos que compõem nosso país. Sabe-se que somos aproximadamente 70% dos estatisticamente identificados negros, pretos, pardos e mistos. Pode-se avaliar tal estatística como espelho de uma maioria silenciosa, relutante e sofredora, fruto de um contexto perene do trato mundial visto como desumano.

Com maioria de cárceres pelos quais vivi, com um clamor sem oitiva e alento em determinados casos, deve-se lamentar. Relatando, é impossível traduzir o atingimento daquelas almas carentes abandonadas pela própria raiz social. O Brasil é, sem dúvida, a pátria das dúvidas, razão para redobrar o objetivo de propiciar a cada ser o mínimo de atendimento equilibrado e coerente.

Em curso de pós-graduação em especialização em Planejamento Governamental, foi-me oportunizado estudar a mácula que deve ser saneada enquanto nos resta algum tempo. Face ao breve exposto, cabe reconhecer, na condição de ter pertencido ativamente a tão nobre carreira de Estado, e não só agradecer, o profícuo trabalho da doutora Cleomir de Oliveira Carrão, saudosa defensora pública, já falecida, que participou honrosamente na elaboração do projeto inicial de criação, no Rio Grande do Sul, juntamente com demais estados do Brasil, da instituição no contexto da Constituição Federal de 1988. Cabe lembrar ainda a integração à lei estadual no Rio Grande do Sul conferida pelo governador Alceu de Deus Colares. Por fim, instituída e consagrada face a preceito constitucional, a defensoria dos pobres e necessitados se enraíza Brasil afora, no bom sentido de sanear o país de forma humana e igualitária.

*Defensor público aposentado, pós-graduado em Planejamento Governamental


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