O Brasil com mais idosos

O Brasil com mais idosos

Por Lasier Martins*

Correio do Povo

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Escrevi recentemente aqui o artigo “País rico, povo pobre”, no qual lamento a desobediência aos princípios do artigo 37 da Constituição Federal e as más políticas responsáveis por analfabetismo, subempregos, corrupção, etc. Um retrato sombrio das desigualdades sociais no Brasil. 

Essas circunstâncias nos trouxeram para o cenário atual. Só isto já sugere uma profunda reflexão sobre o futuro que viveremos se nada for feito. Cabe a pergunta: o que os governos vêm projetando para as gerações vindouras? Que país seremos em 10, 20, 50 anos?

Em primeiro lugar, atentemos para uma irrefutável verdade: o tempo passa para todos. Segundo dados do IBGE, o Brasil ultrapassou a marca de 30 milhões de idosos. As projeções apontam que, em 2030, já seremos a quinta população mais idosa do mundo e que, em 2060, ela representará quase um terço dos brasileiros.

O IBGE revela que 75% dos idosos dependem exclusivamente do Sistema Único de Saúde. Ora, estamos vivendo mais, envelhecendo, o que é bom, mas precisa ser planejado. Não estamos construindo infraestruturas e conjuntura orçamentária adequadas para atender às demandas que se avizinham na saúde, previdência, segurança, saneamento básico e serviços sociais. Se os governos continuarem com péssimas escolhas e condutas de imprevidência, seremos amanhã tão idosos como a Europa de hoje, mas sem os benefícios de uma sociedade desenvolvida e igualitária.

Ainda no terreno social, é imperioso acelerarmos melhor distribuição de renda. Hoje somos o segundo país mais desigual do mundo, recordistas, com 1% dos mais ricos concentrando um terço de toda a renda, e a parte restante distribuída aos outros 99% da população desigual. Temos maior abismo social que a Índia, segundo índice de Gini, que mede a desigualdade.

Embora a Covid tenha se constituído em forte golpe na economia, não será ela o fator determinante para a futura condição de vida do brasileiro. Nosso grande desafio para mudar esse cenário está no planejamento sério e competente dos próximos governos. É preciso resolver a histórica inabilidade política e as más condutas dos tomadores de decisão.

*Senador pelo RS


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