O desafio da sucessão no agronegócio

O desafio da sucessão no agronegócio

Governança e gestão do patrimônio das famílias do agronegócio

Celso Leomar Krug

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Mais do que as adversidades climáticas e os preços dos insumos, o agronegócio tem um desafio que precisa ser enfrentado logo para não comprometer a sua sobrevivência. É a sucessão familiar, assunto que tem um peso ainda mais relevante nas pequenas propriedades, principalmente as que se dedicam à produção leiteira. Muitos estão deixando a atividade e, nos últimos três anos, não houve incremento no número de produtores de leite no RS. Boa parte disso se deve à saída do jovem da propriedade. Prefere tentar uma nova vida em centros maiores, sem se dar conta de que o agro pode ser um bom negócio e, se bem administrado no presente, será a garantia de futuro promissor para as próximas gerações.

O dilema da sucessão familiar é constatado em números. A pesquisa “Governança e gestão do patrimônio das famílias do agronegócio”, realizada em 2021 pela Fundação Dom Cabral e a JValério Gestão e Desenvolvimento, constatou que mais de 80% dos empreendimentos são comandados pelos fundadores (41%) ou pela segunda geração (41%). Apenas 16% dos gestores fazem parte da terceira geração e só 1% são da quarta em diante. Nesse levantamento nacional com 207 gestores, a sucessão familiar foi apontada por 26% dos entrevistados como um dos principais desafios para as famílias empresárias do agronegócio. E, para agravar o cenário, mais de 70% delas não têm um conselho de família formado, enquanto 40% dos negócios possuem um plano de sucessão, com a transição no comando acontecendo de “pai para filho”.

Para que essa sucessão ocorra de forma sustentável, é necessário desde cedo inserir os jovens no empreendimento, mostrando a sua importância e compartilhando planos e propósitos. Novos olhares sobre antigas práticas também podem trazer bons resultados e servir de estímulo para que as novas gerações encontrem no campo motivos de satisfação e realização. As cooperativas são fortes aliadas nessa jornada e têm um ambiente propício para a troca de conhecimentos e conscientização sobre o papel que lhes cabe no futuro do agronegócio.


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