O governo federal parece mais preocupado com o Mercosul do que com o produtor de leite

O governo federal parece mais preocupado com o Mercosul do que com o produtor de leite

O que o governo brasileiro pretende?

Deputado estadual Elton Weber

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Nos últimos oito meses, assistimos com indignação o posicionamento do governo federal com o produtor de leite brasileiro, que beira a irresponsabilidade. A despeito dos alertas feitos pela cadeia produtiva para o cenário caótico provocado pela importação desenfreada de produtos lácteos de Argentina, Uruguai e Paraguai, o Brasil parece mais preocupado em proteger o Mercosul do que os seus agricultores, suas cooperativas e indústrias. Após inúmeras promessas de medidas compensatórias, as cotas de importação foram descartadas e o subsídio ao agricultor para compensar a queda vertiginosa de preço ainda não veio.

Enquanto isso, no Uruguai, o governo criou um refinanciamento a produtores e indústrias de laticínios com prazo de 15 anos. Já na Argentina, desde janeiro uma resolução garante bonificação a produtores que comercializam até 1.500 litros ao dia, o que garante, em moeda brasileira, R$ 0,4232 por litro. Já para os produtores que vendem de 1.501 a 5 mil litros/dia recebem o equivale a R$ 0,2821/l. Em ambos os casos, com limite de R$ 16,92 mil por propriedade. A esse cenário soma-se o fato dos custos no Brasil estarem acima de R$ 2,00.

A Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS) já realizou vários protestos, já fechou as fronteiras com a Argentina e o Uruguai; em conjunto com a Frente Parlamentar da Agropecuária Gaúcha da Assembleia Legislativa já tentou sensibilizar ministros e o presidente Lula sobre a situação, gravíssima. Até agora, não fomos ouvidos. São cenas tristes no campo, produtores destinando vacas para o abate porque vender o leite tem sido fonte de prejuízo.

Enquanto isso, indústrias e grandes atacados seguem lucrando com a importação. Neste cenário, protocolei na Assembleia Legislativa o Projeto de Lei nº 423/2023 que proíbe incentivos do Fundo Operação Empresa do Estado do Rio Grande do Sul (Fundopem) para unidades industriais que importarem matéria-prima e produtos, como o leite e seus derivados.

O agricultor não pode mais viver de promessa e anúncios. O que o governo brasileiro pretende? Acabar com a cadeia produtiva que já perdeu 51 mil agricultores no Estado para o desestímulo com a atividade desde 2015? Essa é a nossa pergunta para o governo federal.


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