O lixo como fonte energética

O lixo como fonte energética

Por: Helmut Johan Ducatti Flister*

publicidade

O Brasil passou, em 2021, pela sua pior crise hídrica em quase cem anos, com forte impacto na economia, ainda fragilizada pelos efeitos da pandemia de Covid. Além de atingir a produção agrícola, os baixos níveis dos reservatórios desencadearam forte crise energética. Para evitar o desabastecimento, houve a necessidade de acionar as usinas termelétricas. Com isso, as tarifas de luz tiveram um grande aumento. Agora, é a vez dos europeus viverem o drama energético. Não pela falta de chuva, mas pela guerra entre Rússia e Ucrânia. Com a chegada dos meses frios no hemisfério norte e sem previsão de término do conflito, o continente passa a viver uma situação dramática. Isto porque a Rússia é a principal fornecedora de petróleo e de gás. O embargo russo vai afetar fortemente a população e a economia desses países.

Não sabemos como será o clima no Brasil nos próximos meses. Possivelmente, não teremos a estiagem que nos abalou em 2021, mas é necessário que tanto o Brasil como outros países busquem novas alternativas para diversificar a matriz energética. Existem sistemas que estão sendo bem aproveitados como a fotovoltaica e a eólica. Há outra tecnologia ecológica, de pouca divulgação, capaz de transformar os resíduos urbanos, que comumente chamamos de lixo, em diversas fontes energéticas, tais como energia elétrica, óleo diesel, querosene de aviação biossintético e combustível biossintético sólido.

Também é possível produzir madeira biossintética, de grande resistência, que pode, inclusive, servir para a construção de casas, além de adubo bio-orgânico de alta qualidade. Tudo isso, a partir do lixo. Detalhe importante: não há a necessidade da separação dos resíduos e o consumo de água é mínimo. O resíduo do processo se transforma em CBSI (Composto Bio-Sintético Industrial). Apenas com o lixo acumulado no fundo dos riachos, rios, mares e oceanos, já teríamos uma quantidade expressiva de matéria-prima capaz de produzir variadas formas de energia. Isto também beneficia o meio ambiente através da redução volumétrica de aterros. Portanto, trata-se de uma solução que transforma o tão incômodo lixo em produtos de alto valor e de forma sustentável. Talvez a crise energética que, agora, preocupa a Europa, provoque um olhar universal mais atento para esta tecnologia brasileira desenvolvida no Rio Grande do Sul.

*CEO da EKT Ecological Tecnologies


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895