O papel da educação nas novas demandas do mundo

O papel da educação nas novas demandas do mundo

Por Ana Madruga*

Ana Madruga

publicidade

Nesta semana marcada pelo Dia Nacional da Educação, cabe um questionamento: no contexto brasileiro, ao longo dos últimos 50 anos, o ensino mudou ou não? Esta é uma pergunta que se faz presente no senso comum. Quando imaginamos uma escola, sua estrutura e metodologia, logo deparamos com classes, cadeiras e professores e imaginamos aulas tradicionais, provas e boletins. No geral, as estruturas formais de aprendizagem são constituídas desta maneira mesmo. 

Em 10 anos, a vida e a existência humana mudaram significativamente, mas continuamos com livros, quadros e professores. Talvez você deva estar, neste momento, questionando-se: como é possível estruturas educacionais se manterem imutáveis, quando o mundo demanda necessidades completamente diferentes?

O que é mais importante aprender: matemática ou empatia? Literatura ou negociação? Gosto muito de refletir sobre estes aspectos e digo, com muita clareza como educadora: é papel da escola garantir a erudição e excelência no tradicional. Ainda que se passem cem anos, sentar e ler um bom livro sempre será essencial para que bons profissionais sejam formados. Porém, o tradicional precisa caminhar ao lado do contemporâneo. E respondendo à pergunta do início deste artigo, sim, a educação mudou demais ao longo dos últimos 50 anos. É essencial, também, saber refletir sobre o aprendizado, entender-se como cidadão, enxergar o outro, atuar em comunidade na busca por soluções globais e usar a tecnologia a favor. A escola segue seu papel no desenvolvimento pelo cognitivo, mas o emocional e social precisam se desenvolver em paralelo. Muitas vezes nos apegamos a mudanças estruturais e entendemos que inovar é ter um grande laboratório maker ou uma supersala de criatividade. Nada disso fará diferença se a cultura da instituição e a cultura das pessoas forem de encontro a esta linha de pensamento.

Mudar não é se abastecer de coisas e adquirir os melhores aparatos tecnológicos, que também são importantes, mas, sim, entender o tempo e o espaço em que vivemos. Articular com o presente e experimentar muitas possibilidades de futuro são situações que podem ser feitas em uma sala com classes, cadeiras e quadros. Poderia parecer um paradoxo pensar que o mundo muda e a escola se adapta, se não fosse a escola uma das responsáveis por formar os futuros pensadores que mudam a sociedade.

Diretora dos Colégios Fleming*


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895