O que a crise do IPE Saúde tem a ver com você?

O que a crise do IPE Saúde tem a ver com você?

Marcos Rovinski

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Não raro, a vida atribulada que todos levamos, com inúmeros compromissos e reuniões, nos afasta da compreensão do todo. Há muito se fala sobre a crise do IPE Saúde, convênio que atende cerca de um milhão de gaúchos no Rio Grande do Sul – em maioria, servidores públicos e seus dependentes. À primeira vista, pode parecer que esse não é um problema social. A dívida, que chega a R$ 250 milhões, concentra-se especialmente no pagamento de internações e procedimentos ambulatoriais. Isso faz com que muitos hospitais estejam optando por se desvincular do IPE Saúde. Então, mesmo que você não seja servidor público, essa crise tem a ver com você.

Com menos hospitais atendendo o convênio, outros ficam sobrecarregados. Assim, quem precisa de atendimento de urgência e emergência pode encontrar dificuldades. Isso porque, além da relação crítica com hospitais, o IPE Saúde não atualiza a tabela de honorários médicos desde 2011. A remuneração é aviltante – há casos em que o valor pago ao profissional por uma visita a paciente internado é menor do que o tíquete do estacionamento do hospital. Um auxílio cirúrgico pode pagar menos que uma entrada de cinema e um saco de pipocas.

Queremos um IPE Saúde forte, atualizado, com honorários justos e acessibilidade. Queremos – nós e a população – que o atendimento pelo IPE Saúde seja uma opção acessível e eficiente. E o Simers vem trabalhando para isso. Estamos e sempre estivemos abertos ao diálogo, oferecendo, ao governo estadual, sugestões de melhorias ao convênio. Os médicos não viram as costas à população em momentos de dificuldade e isso foi comprovado durante a pandemia. A luta por uma remuneração justa e digna é legítima.

Hoje, a crise no IPE Saúde afeta diretamente mais de 7 mil credenciados ao convênio – o que representa 20% do total de médicos no Rio Grande do Sul. Para que a situação não se agrave ainda mais, precisamos de uma solução estrutural e definitiva, sem paliativos. O diálogo está posto, e é preciso avançar em um projeto concreto, robusto e resolutivo. Sem médicos valorizados, não há IPE Saúde.


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