O que pode parar o mal?

O que pode parar o mal?

Leis repletas de boas intenções e discursos inspiradores não faltam, mas, no fim, somente a coragem dos bons é capaz de parar a covardia dos maus.

Franciane Bayer

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Leis repletas de boas intenções e discursos inspiradores não faltam, mas, no fim, somente a coragem dos bons é capaz de parar a covardia dos maus. Foi o que nos ensinaram três professoras que pararam um homicida em uma escola em São Paulo no último dia 27/3. Um adolescente de 13 anos invadiu uma sala e esfaqueou uma professora pelas costas. Outra professora tenta contê-lo e é golpeada várias vezes; outras duas docentes chegam, imobilizam e o desarmam.

Não bastassem as péssimas condições de trabalho, cada vez mais os professores ainda têm de conviver com uma insegurança crescente. Salários baixos e ambientes escolares precários já são problemas graves, mas conviver com o risco permanente à integridade física e à vida é pior ainda. E é aí que entra a inutilidade das leis bem-intencionadas e dos belos discursos.

A impunidade não é apenas uma realidade, como é estimulada por leis permissivas, que ignoram que quem quer fazer o mal não lê estatutos. E os discursos tão idealistas quanto vazios de que "violência gera mais violência" também não ajudam em nada. Sim, é melhor que não haja violência alguma, mas não se pode confundir o justo uso da força na defesa dos bons com a violência usada pelos maus em seus atos de covardia.

As leis brasileiras já proíbem violência, agressões e uso de armas. E daí? Bandidos não seguem leis. É preciso investir em prevenção, preparando os professores para se defenderem contra o pior e aumentando a presença de agentes de segurança pública. Iniciativas como as escolas cívico-militares são bem-vindas, apesar do discurso de que "escola não é lugar de polícia". Quantos alunos e professores terão de morrer para percebermos que esse belo discurso não se aplica num país onde o crime impera?

É preciso agir também contra a impunidade. Outro falso dilema ideológico diz que "em vez de punir, é preciso ressocializar". Novamente: sim, é preferível ressocializar. Porém, antes de qualquer coisa, é preciso neutralizar as ameaças, tirando os criminosos de circulação e desestimulando, assim, a ação de outros marginais. Já passou da hora de o poder público e os formadores de opinião ouvirem os reais anseios e as verdadeiras necessidades dos brasileiros, que vivem amedrontados por criminosos que gozam de todos os direitos, defesas e permissividades.


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